HU estuda a estimulação cerebral no tratamento da depressão

Objetivo da pesquisa é mostrar que método funciona tão bem quanto antidepressivo; HU recruta voluntários

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Por Redação
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SÃO PAULO - O Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Universitário (HU) da USP vai analisar 120 pessoas com depressão moderada, grave e muito grave. Os interessados devem ter idade entre 18 e 65 anos, ser portador de depressão sintomática e podem estar usando antidepressivos atualmente. Um dos objetivos da pesquisa é mostrar que o tratamento de estimulação cerebral funciona tão bem quanto o antidepressivo. "Podemos esperar que, no futuro, a estimulação transcraniana seja oferecida para aquelas pessoas que não toleram os medicamentos por causa dos efeitos colaterais; às que não podem tomá-los, como gestantes; ou ainda àquelas que estejam em depressão muito grave e que possam receber tratamento combinado de estimulação e medicação", afirma o psiquiatra André Russowsky Brunoni, um dos responsáveis pelo projeto. O procedimento utilizado durante a pesquisa é bastante simples: os pacientes recebem eletrodos, envolvidos em esponjas com soro fisiológico na região frontal da cabeça. A estimulação é indolor e não tem efeitos colaterais, nem de curto nem de longo prazo. "A estimulação dura cerca de 30 minutos e deve ser aplicada por 10 dias úteis", explica. Atualmente, o tratamento da depressão é feito com o uso de antidepressivos, que podem causar diversos efeitos colaterais, como disfunção erétil, ganho de peso, sonolência, náuseas e vômitos, diarreia ou prisão de ventre, entre outros. O Transtorno Depressivo Maior é caracterizado pelo estado psíquico com humor deprimido, que prejudica as atividades profissionais e de lazer, levando a incapacidade de trabalhar e de se divertir, tanto por falta de prazer quanto por falta de energia. "Estudos mostram que cerca da metade dos pacientes abandonam o tratamento em um ano devido aos efeitos colaterais. Além disso, um em cada três pacientes continua deprimido mesmo depois de tomar adequadamente mais de quatro antidepressivos", afirma Brunoni. "As pessoas deprimidas apresentam alterações no padrão de sono e do apetite (muito ou pouco) e do pensamento (pensamentos pessimistas, de culpa e morte). Pessoas muito deprimidas também podem sofrer de dores crônicas e de distúrbios ansiosos", diz. "Nossa pesquisa se assemelha a outras já realizadas nos EUA, Itália, Alemanha e mesmo no Brasil. De maneira geral, elas mostraram uma eficácia do tratamento, o que anima novos estudos. Por outro lado, deve-se ressaltar que todos eles foram feitos em pequenos grupos e que as suas conclusões não são necessariamente aplicáveis à nossa população", destaca Brunoni. Os voluntários serão avaliados para confirmação do diagnóstico de depressão. Informações pelo e-mail pesquisacientificahu@gmail.com ou pelos telefones (11) 3091-9241 (Roberta), das 8 às 16 horas. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo começou em março e será concluído em dezembro de 2011.

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