A cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, afirmou nesta quinta-feira, 27, que a taxa de pessoas infectadas necessária para atingir a imunidade de rebanho para covid-19 deve ser de 65% a 70%.
“Nenhuma doença foi controlada somente por permitir a imunidade natural ocorrer”, acrescentou a cientista-chefe durante coletiva de imprensa.
Soumya explicou que a imunidade coletiva levaria muito tempo para ser atingida, já que somente de 5% a 10% da população mundial foi exposta ao novo coronavírus até agora, em média - o que significa que a doença ainda tem muito espaço para se propagar.
O número pode ser maior em cidades de transmissão intensa. Em locais de muito contágio no Brasil, como São Paulo e Amazonas, pesquisas apontam que a porcentagem de pessoas que teve contato com o vírus foi de 18% e 30%, respectivamente - ainda bem abaixo do previsto pela OMS para a imunidade.
Alguns estudos sugerem que o índice necessário para levar à proteção da população possa ser 43% ou até 20%. A cientista ressaltou que pesquisas ainda não estabeleceram o número exato mas, em geral, quanto mais transmissível a doença, maior a proporção.
De acordo com Soumya, cada pessoa com covid-19 transmite para outras duas ou três - número que pode ser maior que quatro, a depender do local. Em relação ao sarampo, doença bastante contagiosa em que cada infectado transmite para 15 ou 20 pessoas, a taxa para imunidade coletiva é de 90% da população.
A líder técnica da resposta à pandemia da OMS, Maria Van Kerkhove, lembrou que a imunidade de rebanho normalmente se refere a quantas pessoas devem ser vacinadas para impedir a transmissão, não à taxa da população que precisa ter a doença.
Atualmente, segundo a entidade, 167 vacinas estão sendo desenvolvidas, sendo que seis dessas já estão no último estágio de testes em seres humanos.
Maria reforçou que permitir que o novo coronavírus se espalhe livremente, sem estratégias de controle, não é recomendado. “Tentar atingir a imunidade de rebanho naturalmente é muito perigoso, porque muitas pessoas morreriam”.