Indícios de sucesso 'estão na internet', diz Ministério da Saúde sobre tratamento contra a covid 

Segundo o orgão, o uso precoce de medicamentos como a cloroquina e a hidroxicloroquina fez a pandemia perder força em alguns locais do País

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Por Mateus Vargas
Atualização:
Médicos tratam pacientes com covid-19 no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo Foto: Thiago Queiroz / Estadão

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde afirmou nesta quinta-feira, 9, que o uso precoce de medicamentos, especialmente a cloroquina e a hidroxicloroquina, fez a pandemia perder força em alguns locais do País. "O número absoluto (de casos) segue crescendo, mas a velocidade vem diminuindo. Há evidências também que em algumas cidades, Estados, aplicou-se o tratamento medicamentoso precoce, que foi justamente o que contribui para o decréscimo dessa curva pandêmica", disse o secretário-executivo Elcio Franco, em entrevista à imprensa.

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Mais cauteloso, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti Neto, afirmou não ser possível garantir que a droga impactou no curso da doença no Brasil, mas que há sinais favoráveis. "Sim, há indícios, estão divulgados em vários lugares da internet, mas ainda não podemos afirmar de forma inequívoca que o uso de específico da cloroquina reduziu o número de casos graves no país."

Franco voltou a afirmar que a orientação do Ministério da Saúde deixou de ser para "ficar em casa", em caso de suspeita da covid-19. A sugestão é buscar o médico. O secretário-executivo afirma que o SUS está preparado para atender a demanda de pessoas com sintomas leves que buscam unidades de saúde.  

Apesar das falas dos secretários, os casos da covid-19 seguem crescendo, ainda que em ritmo mais lento. O Brasil registrou 7% a mais de mortes na semana que se encerrou em 4 de julho, sobre a anterior, e avanço de 1% no número de óbitos. 

Nesta semana, apenas a região Norte do País apresentou queda de casos da covid-19, de 15%, na semana que se encerrou no dia 4. Os maiores avanços da covid-19 no período foram no Sul: 36% a mais de casos e 27%, de mortes.

Apesar de apontar a cloroquina como fator para amenizar a pandemia, o secretário-executivo reconheceu que a baixa de casos em algumas regiões era esperada, assim como previa-se avanço da doença ao interior e ao Sul. "Como era de se esperar, a pandemia está vindo do Norte ao Sul."

Não há estudo científico que mostre benefício do uso da cloroquina contra a covid-19. Em 15 de junho, os Estados Unidos retiraram a autorização de emergência de tratamento com o medicamento contra a covid-19. Dias mais tarde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) interrompeu estudos com a droga.

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O uso da cloroquina contra a covid-19 também é rejeitado por três das principais entidades médicas e científicas nacionais. A Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologiaassinam documento no qual recomendam não usar estas drogas como tratamento de rotina da doença.  

Hospitais Filantrópicos. O Ministério da Saúde afirmou que apenas 12% dos hospitais filantrópicos e Santas Casas receberam a sua parcela entre os R$ 2 bilhões liberados pelo governo federal por meio de lei aprovada no fim de março. Segundo Franco, os Estados e municípios devem descentralizar o recurso repassado pela União. 

Insumos. O ministério informou ter entregue 6.549 dos cerca de 15 mil ventiladores pulmonares prometidos. A pasta também afirmou que envia recursos para funcionamento de 9.201 leitos de UTI exclusivos para covid-19. A Saúde afirma estar se movimentando para reabastecer Estados e municípios com medicamentos usados para intubar pacientes, como sedativos. O ministério requisitou estoques de indústrias nacionais e abriu um pregão para compra destes produtos. 

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