Infectologista diz que alta de suspeitas de coronavírus no Brasil era esperada

Infectologista Esper Kallás, da USP, defendeu a antecipação da vacinação de gripe. 'Quem for vacinado vai ficar mais confiante em relação à gripe', disse

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Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - O infectologista Esper Kallás, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que, após a confirmação do primeiro diagnóstico do novo coronavírus no Brasil, era de se esperar o aumento de casos suspeitos. "Em outros países, como Itália e Coreia, os números só fazem crescer e há muito fluxo de pessoas de lá para cá. A primeira hipótese é que, portanto, haja mais pessoas sob risco", diz.

Funcionário usa máscara no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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"A segunda hipótese é que, como a questão ganhou atenção da mídias, as pessoas se preocupam mais e também aparecem mais falsos positivos", afirma o pesquisador. "Isso é um comportamento anormal? É anormal, mas é comum. Quando Bussunda morreu de enfarte, por exemplo, o número de pessoas que procurou o Incor aumentou muito." Na avaliação de Kallás, diante da preocupação com o coronavírus, a estratégia de antecipar a vacinação contra a gripe é positiva do ponto de vista da saúde pública. "Quem for vacinado vai ficar mais confiante em relação à gripe comum e isso auxilia na hora de interpretar os sintomas, como nariz escorrendo ou tosse", diz.

O Brasil confirmou o primeiro caso de coronavírus nesta semana. Nesta quinta-feira, 28, o Ministério da Saúde divulgou um salto de casos suspeitos, que poderão chegar a mais de 300. Diante do avanço do vírus, a pasta informou que antecipará a vacinação contra a gripe.  Outro ponto positivo da antecipação, diz Kallás, é que pode ajudar a conter um possível surto de gripe influenza e H1N1. "Tenho conversado com colegas infectologistas e a gente está tendo aumento de vírus influenza, que é anormal nesta época do ano. Só este quadro já bastaria para justificar a vacinação mais cedo." O pesquisador pontua, ainda, que a composição da vacina neste ano é diferente das anteriores. "Em meio a diversos tipos diferentes, três ou quatro vírus são escolhidos para ser inativados em laboratório e compor a vacina da gripe. Quem faz a sugestão é a Organização Mundial de Saúde, com base na circulação de vírus na estação anterior", explica. "Após alguns anos com a mesma composição, a vacina da gripe mudou neste ano. Então antecipar também faz sentido porque oferece proteção diferente."  

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