06 de dezembro de 2017 | 04h00
SÃO PAULO - No início da tarde desta terça-feira, 5, a quantidade de pacientes aguardando atendimento no Hospital Municipal Professor Waldomiro de Paula era tanta que um visitante gritava em voz alta o nome de quem era chamado para acelerar o trabalho. O local foi um dos mais procurados por potenciais pacientes do Hospital Santa Marcelina, localizado a menos de cinco quilômetros de distância.
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“Você pode vir aqui em qualquer horário que nunca está vazio. E o Santa Marcelina é 50 vezes mais cheio”, diz o desempregado Paulo Campos, de 27 anos.
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Moradora de Itaquera, a 15 minutos a pé do Santa Marcelina, a comerciante Zina Pontes, de 50 anos, foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para atendimento no Waldomiro de Paula. Ao Estado, classificou o local como “um inferno”. “Se eu soubesse que seria assim, não teria deixado me trazerem para cá”, disse. “Se o atendimento fosse melhor, as pessoas não precisariam vir tanto”, opina.
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Segundo pacientes, entre atendimento inicial, exames e avaliação, dificilmente se sai do local em menos de quatro ou cinco horas, pois o movimento costuma ser sempre intenso. “Já fiquei sete horas sem ser atendido aqui”, diz o jardineiro Paulo dos Santos, de 38 anos.
No Waldomiro de Paula, uma mulher que não quis se identificar relatou ter ficado uma semana internada em uma maca do Santa Marcelina há dois anos. “Os médicos e os enfermeiros tinham de tirar um paciente do caminho para conseguir chegar a outro. Não tinha como fazer o trabalho direito. Eles ficavam revoltados, não tinha como trabalhar”, relata.
Em nota, a Autarquia Hospitalar Municipal disse que “as unidades da região leste estão preparadas para absorver o aumento de demanda”. É importante, segundo o órgão, “destacar que os atendimentos ocorrem de acordo com a classificação de risco e os casos mais graves têm sempre prioridade.”
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