Isolamento provoca efeito oposto em alimentação de casal

Claudia Fátima Nassar Reis e Rogério Vargas Reis, ambos de 55 anos, são exemplos emblemáticos das mudanças ocorridas com a alimentação dos brasileiros de classe média e média alta

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Por José Fucs
2 min de leitura

A dona de casa Claudia Fátima Nassar Reis e o consultor de empresas Rogério Vargas Reis, ambos de 55 anos, que moram no bairro do Morumbi, em São Paulo, são exemplos emblemáticos das mudanças ocorridas com a alimentação dos brasileiros, especialmente de classe média e média alta, durante a quarentena do novo coronavírus.

Para Claudia, a alimentação mudou para pior. Para Rogério, para melhor. Com as restrições de convívio social, ela parou de fazer ginástica duas vezes por semana, com um personal trainer, na academia do prédio em que mora. Ele passou a correr pelas ruas do bairro todos os dias. Resultado: Claudia afirma que engordou de três a quatro quilos, mesmo caminhando cerca de 5 km por dia, enquanto Rogério conseguiu manter o peso, nos três meses de isolamento social praticado na cidade.

Ela conta que, antes do confinamento, procurava manter uma alimentação balanceada, à base de salada, arroz, legumes e sem carne vermelha durante a semana. Além dos exercícios, para manter a linha, diz que costumava fazer o cabelo e as unhas no salão e se arrumava para bater perna por aí e encontrar com as amigas. 

A Dona de Casa Claudia Nassar Reis e o seu marido, o consultor Rogerio Vargas Reis, durante o cafe da tarde do casal. Durante a quarentena Claudia passou a comer mais Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

Com a quarentena, afirma que até conseguiu manter os horários das refeições. Mas, como a sua empregada Sílvia agora só vai duas vezes vez por semana, em vez de quatro, principalmente para passar roupa e dar um trato básico no apartamento, o cardápio ficou bem mais restrito. Ainda assim, ela afirma que não tem recorrido muito ao delivery. Embora compre alguns produtos online, diz que vai pessoalmente ao supermercado para comprar frutas, legumes e vegetais.

Autoestima. Claudia conta que, hoje, passou a comer muito chocolate, bolos e doces fora de hora, enquanto assiste a séries na TV para passar o tempo. Com o marido e o filho João Pedro, de 21 anos, em casa o dia todo, até o café da manhã, que era uma refeição frugal, passou a ser tomado à mesa, em família, com geleia, mel, pães, doces e o que mais houver na dispensa para diversificar as opções. “Como agora a gente quase não sai e parei de fazer ginástica e de me arrumar para sair, a autoestima diminuiu muito”, afirma. “É um circulo vicioso, que acaba se refletindo na balança.”

Para Rogério, a quarentena acabou tendo o efeito oposto ao de sua mulher. Como comia muito fora e costumava ter pouco tempo para fazer as refeições, muitas vezes almoçava apenas um sanduíche ou um salgadinho. Comer em casa, para ele, tornou-se um bônus. Ainda que esteja comendo mais, sua alimentação ganhou em qualidade. Disciplinado, porém, ele tem conseguido manter a silhueta com suas corridas diárias.

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Como se pode observar pelos casos de Claudia e Rogério, comer em casa pode ser bom – ou não. O certo é que, para melhor ou para pior, a alimentação de boa parte dos brasileiros mudou na quarentena.

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