João Pessoa terá toque de recolher e fechamento de orla; Piauí suspende aulas presenciais

Governador da Paraíba fala em risco das novas cepas do coronavírus, enquanto o do Piauí cita dificuldade de encontrar profissionais de saúde e insumos médicos

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Por Luiz Carlos Pavão
Atualização:

O governo da Paraíba e a prefeitura de João Pessoa anunciaram que vão implementar novas restrições contra a covid-19 a partir desta terça-feira, 23, válidas pelos próximos 15 dias. Entre as ações previstas, estão toque de recolher a partir das 22h e fechamento da orla . O retorno das aulas presenciais na rede estadual também será suspenso em razão do crescimento de casos e internações no Estado. O Piauí também suspendeu a reabertura de escolas e as atividades não essenciais.

O governador da Paraíba, João Azevedo (Cidadania), classificou o quadro como "muito preocupante”. Em João Pessoa, a taxa de ocupação de leitos chegou a 84% e 138 municípios do Estado estão na fase laranja, uma das mais restritivas na classificação do plano local de combate ao novo coronavírus.

João Azevêdo (dir.) e Cícero Lucena (esq.) anunciam decisões conjuntas para enfrentar aumento do coronavírus na Paraíba. Foto: Gov. Paraíba

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A prefeitura da capital paraibana  informou que “deve passar ao estágio de recolhimento domiciliar obrigatório, iniciado diariamente às 22h". Ainda haverá um decreto para detalhar a medida. Para a fiscalização, o prefeito Cícero Lucena (Progressistas) explicou que haverá operação conjunta com o governo do Estado, de forma a ampliar a capacidade de vigilância.

Entre as ações do governo estadual definidas para os próximos 15 dias, estão a redução do horário de bares e restaurantes e igrejas não terão celebrações presenciais. As aulas da rede estadual tinham previsão de retorno no dia 1º de março, com 30% dos estudantes, mas agora foram suspensas. Segmentos da construção civil, indústria e call centers continuarão a funcionar com protocolos sanitários mais rígidos.

Azevedo citou preocupação com as novas cepas, como a variante de Manaus, e avalia que há um ‘cansaço’ da população.“Os números  têm se apresentado de forma muito preocupante nesses últimos dias. Sabemos que isso está sendo provocado pelo cansaço da população em manter as regras de distanciamento, uso de máscaras e de higienização. Além disso, essa nova cepa que está chegando e tem uma transmissibilidade mais alta e que afeta também os mais jovens. A semana passada deixou um legado muito ruim. Temos que enfrentar com muita determinação." Segundo ele, 110 leitos serão colocados à disposição em três hospitais de João Pessoa, em parceria com a prefeitura da cidade.

Piauí libera só atividade essencial e fala em dificuldade de contratar

O governo do Piauí também terá novas medidas de combate à covid-19. Em decreto que será publicado nesta quarta-feira, 24, será determinada a suspensão das atividades econômicas presenciais não-essenciais até o dia 7 de março, “como medida excepcional voltada para o enfrentamento da grave crise de saúde pública decorrente da covid-19”. As aulas presenciais também não serão permitidas, sendo realizadas apenas de forma remota.

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O governador Wellington Dias (PT), disse em entrevista que “o objetivo é cortar a transmissibilidade do vírus”. E afirmou que a situação no Piauí é “muito, muito grave”. Dias ainda afirmou que o problema “não é de equipamentos de saúde, mas de encontrar mais profissionais para ampliação de leitos”. Ainda citou que há dificuldade no abastecimento de medicamentos e insumos para o tratamento dos doentes.

"Até de 7 março vamos fazer um esforço muito grande para reduzir o adoecimento  para redução de óbitos e garantir as condições de ampliar a vacinação e, com mais segurança, poder gradativamente ter  a retomada (da economia)”, afirmou o governador.

Paciente em UTI no Hospital São Paulo, em 11 de dezembro Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

O secretário municipal de saúde de Teresina, Florentino Neto, afirmou que as ressalvas aos comércios que atuam de forma presencial serão para mercados, farmácias, lavanderias, posto de gasolina, distribuidoras de gás, oficinas mecânicas e lojas de conveniência, considerados serviços essenciais. Outras atividades poderão atuar por meio de delivery.

Neto disse que  “Teresina tem ampliado leitos, investido nas ações preventivas", mas é preciso reduzir o total de leitos ocupados. No sábado, 20, a equipe do Centro de Operações Emergenciais (COE) do Estado esteve em reunião com o governo do Estado e avaliou que a ocupação de leitos na região de Teresina, Parnaíba, Floriano e Piripiri já ultrapassa 80%.

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O Estadão teve acesso à minuta do decreto que será publicado. Entre as determinações previstas estão:

Fica proibida a realização de festas ou eventos, em ambientes abertos ou fechados em todo o Estado, a suspensão de atividades coletivas em parques, praias ou outros espaços acessíveis ao público, assim como atividades religiosas por meio presencial em igrejas ou templos. Excursões para locais como praias, balneários e pontos turísticos também estão proibidas.

Na minuta, entre 16 e 19 de fevereiro foram observados dados levantados pela Diretoria da Unidade de Descentralização e Organização Hospitalar, em que ocorreu aumento substancial de ocupação de leitos de UTI para covid-19 nas macrorregiões de saúde do Meio Norte, com 84.7%, Litoral, 84% e, na macrorregião do Cerrado, é elevada a ocupação na região do Vale do Piauí e Itaueira, com 90%.

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Confira a lista de atividades que não serão suspensas pelo decreto, desde que atuem com protocolos sanitários reforçados:

I – mercearias, mercadinhos, mercados, supermercados, hipermercados, padarias; 

II – farmácias, drogarias, produtos sanitários e de limpeza; 

III – lavanderias; 

IV – postos revendedores de combustíveis, distribuidoras de gás, oficinas mecânicas e borracharias;

V – lojas de conveniência e de produtos alimentícios, situadas em rodovias e BRs, na zona rural; 

VI – hotéis, com atendimento exclusivo dos hóspedes;

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