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Jovem com doença rara faz campanha para tratamento no exterior

Amanda Bertolini Siqueira Leite, de 20 anos, adquiriu a Doença de Lyme, após ser picada por um carrapato durante viagem a Bonito

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:
Amanda precisa interromper o ciclo da enfermidade, que pode levar ao comprometimento irreversível do sistema nervoso e invalidez Foto: Reprodução

SOROCABA - A família de Amanda Bertolini Siqueira Leite, 20 anos, de Campinas, interior de São Paulo, corre contra o tempo para conseguir os 30 mil euros necessários para o tratamento da jovem em uma clínica da Alemanha. Estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Amanda adquiriu a Doença de Lyme, após ser picada por um carrapato durante a viagem de sua formatura na oitava série a Bonito (MS), em 2009. A doença rara é a mesma que interrompeu a carreira da cantora canadense Avril Lavigne - ela ainda está em tratamento.

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Com crises de alucinação e desmaios, Amanda precisa interromper o ciclo da enfermidade, que pode levar ao comprometimento irreversível do sistema nervoso e invalidez. Sem recursos, a família lançou a campanha 'Fica bem, Amanda', no Facebook e já arrecadou perto de R$ 120 mil. Para o tratamento na clínica na cidade alemã de Bad Aibling, incluindo 19 dias de internação e medicamentos, são necessários outros R$ 20 mil. O dinheiro custeará também a viagem de Claudimeire Bertolini, de 50 anos, mãe de Amanda. "Na condição em que ela está, vai precisar de mim o tempo todo", disse.

Claudimeire ouviu relatos de pessoas portadoras da doença de Lyme que se curaram na Klinik St Georg, a clínica alemã. A equipe médica promete controlar a doença com terapia de oxigênio e ozônio, além de antibióticos. "Tenho certeza de que minha filha vai voltar boa." Até esta quarta-feira, 21, mais de 11 mil pessoas tinham curtido a página de Amanda. Vários grupos organizaram bazares e campanhas de arrecadação. "Estamos quase lá, mas ainda não é hora de desistir da campanha", postou a mãe. No sábado, 24, aniversário de Amanda, haverá um bazar no distrito de Barão Geraldo, onde a família mora, organizado por amigos e parentes.

A garota teve de trancar a matrícula na universidade. Segundo a mãe, ela não conseguia se concentrar e ficava cansada. Os familiares tentam evitar que a estudante volte a cair em depressão, como ocorreu no ano passado, quando ela chegou a tentar o suicídio. O apoio que a garota recebe pela internet tem ajudado a suportar a rotina de medicamentos e médicos. "Ela está ansiosa pela viagem, quer voltar curada e retomar os estudos, o contato com os amigos, voltar a viver", diz a mãe.

Picada. Quando Amanda voltou da viagem de formatura, ela passou mal e foi constatada a picada pelo carrapato. A pequena inflamação foi tratada e a garota seguiu com a vida. Os sintomas só apareceram em 2013, quando Amanda passou a apresentar febre, dores nas articulações, perda da memória e da fala, fadiga extrema, ataques de pânico, alucinações e confusão mental. "Nós tínhamos até esquecido o contato dela com o carrapato e tratamos como se fosse depressão", contou a mãe. 

Amanda chegou a ser internada em uma unidade de terapia intensiva, em outubro do ano passado, e em janeiro deste ano passou 40 dias numa clínica psiquiátrica. Em busca de uma explicação, a família a levou a vários médicos e, quando veio o diagnóstico, era tarde para uma cura rápida. A doença é causada por uma bactéria transmitida por carrapato Amblyoma cajannense, que se hospeda em animais.

Na fase inicial, a doença produz uma mancha vermelha ao redor da picada. Com o agravamento, as manchas se espalham pelo corpo, produzindo febre, dor de cabeça e dores nas articulações. Sem tratamento, a doença atinge o sistema nervoso, causando alterações na vista, na fala e no equilíbrio. De acordo com o Núcleo de Apoio à Pesquisa de Doenças Raras de Sorocaba, na Europa, a Doença de Lyme afeta 25 a cada 100 mil pessoas. No Brasil, não há dados sobre a incidência.

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