Lei seca e festas controladas: o que Estados estão fazendo para controlar a covid-19

Proibição de comemorações, toque de recolher e suspensão do consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes são algumas das medidas adotadas

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Por Leonardo Augusto
Atualização:

BELO HORIZONTE - A alta nos casos de covid-19 já provoca impacto nas festas de fim de ano no Brasil, com proibição de comemorações ao longo de, pelo menos, parte de dezembro, toque de recolher e suspensão do consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes. Salvador, uma das cidades mais tradicionais do país nas festas desta época do ano, é um dos municípios atingidos pelas medidas.

O governo da Bahia proibiu nesta sexta, 4, a realização de shows, festas, sejam públicas ou privadas, em todo o Estado até o próximo dia 17, independente do número de participantes. O governo afirma haver "indicativo" de renovação da medida a partir da data. No Paraná a proibição é para festas e confraternizações com mais de 10 pessoas, além de toque de recolher, das 23h às 5h, e da suspensão da venda e consumo de bebidas alcoólicas em vias e espaços públicos neste horário.

Prefeitura de Belo Horizonte proibiu consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

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A determinação vale por 15 dias contados a partir dessa quinta, 3, podendo ser prorrogada. No mesmo caminho, Santa Catarina também terá toque de recolher e estabelecimentos fechados às 23h.

Em Belo Horizonte, em novo recuo da reabertura da economia por causa do aumento nos casos de covid-19, a prefeitura da capital mineira proibiu, em decreto publicado nesta sexta, 4, e válido a partir de segunda-feira, 7, o consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes da cidade.

O município recomenda que ninguém organize ou participe de confraternizações e festas de fim de ano. O decreto determina que não haja convite para participação de público nas tradicionais inaugurações de iluminações de Natal. A mais famosa delas, a da Praça da Liberdade, é organizada pelo governo do Estado.

O decreto na capital mineira veio acompanhado da abertura de leitos para tratamento da covid-19 na cidade. Ou seja, a previsão da prefeitura é que a situação piore no município. Na quarta-feira, 2, o número de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) específicos para covid-19 na cidade era de 522, sendo 256 do Sistema Único de Saúde (SUS) e 266 da rede particular.

Nesta quinta, o total era de 553 leitos, sendo 287 do SUS e 266 nos hospitais privados. Houve abertura também para leitos de enfermaria exclusivos para o tratamento de pacientes com a doença, que somavam 1.221 na quarta-feira, 2, 684 públicos e 537 privados, e foram para 1.302 ontem. Também neste caso a alta foi nos leitos do SUS, que foram a 765. Os privados permanecem em 537.

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O governo da Bahia afirma que os números de casos de covid-19 no Estado aumentam hoje em taxas iguais às registradas no pico da pandemia, entre agosto e outubro. Não há, atualmente, pelo menos por enquanto, números idênticos em relação a óbitos, que estão em torno de 20 por dia. À época do pico as mortes chegaram a 70 por dia.

O Estado atribui o aumento nos casos de covid-19 a festas de início do verão. O boletim desta quinta-feira, 3, da Secretaria de Estado da Saúde da Bahia aponta para 3.268 novos casos de covid-19 em 24 horas. O total de diagnósticos desde o início da pandemia é de 412.685, com 8.336 mortes.

A justificativa do governo do Paraná para as medidas, conforme decreto do governador Ratinho Junior (PSD), é que "o índice da taxa de reprodução do vírus se encontra acima da média para a capacidade de leitos de UTI exclusivos para covid-19". O governador afirma ainda que "a expansão de leitos de UTI exclusivos para covid-19 já se encontra em seu último estágio, havendo falta de recursos humanos, insumos e equipamentos no atual panorama". O Paraná tem 291.244 casos de covid-19, com 6.259 mortes até agora.

Todas as decisões foram por decreto. No caso de Santa Catarina, as medidas também valem por 15 dias e, conforme o governo do Estado, o texto seria publicado ainda esta semana. As medidas foram tomadas depois de reunião com prefeitos das 21 maiores cidades de Santa Catarina. O governo afirma que o objetivo das medidas é mostrar para a sociedade que o momento é de agravamento do risco em relação ao contágio pelo novo coronavírus. Santa Catarina tem 378.621 casos de covid-19, com 3.855 mortes.

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A Prefeitura de Belo Horizonte afirma ter havido um "debate intenso" no Comitê de Enfrentamento à Covid-19 para ampliar "o rigor no distanciamento social, considerando o relaxamento das pessoas percebido em bares, restaurantes e shows, mas ainda assim permitindo o funcionamento parcial dos estabelecimentos como uma decisão intermediária ao fechamento". O município vem fazendo reaberturas das atividades econômicas na cidade desde 6 de agosto. Desde 3 de outubro estava autorizada a venda e consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes entre 17h e 22h

Sobre as luzes de Natal, a prefeitura afirma que o licenciamento para as instalações podem ocorrer, sem, porém, a divulgação, para que se evite aglomerações. Autorizações para grandes festas já estão proibidas na cidade, o que inclui festas de réveillon. Clubes da cidade que realizam essa comemoração já começaram a anunciar o cancelamento desse tipo de confraternização aos sócios. Belo Horizonte tem 55.039 casos confirmados da doença, com 1.675 mortes.