A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, admitiu que os líderes políticos subestimaram a magnitude do perigo representado pela nova pandemia de coronavírus. A declaração foi dada em entrevista publicada nesta quarta-feira, 18, pelo jornal alemão Bild.
"Acho que todos nós que não somos especialistas subestimamos o coronavírus", disse von der Leyen. Para a presidente da Comissão, “ficou claro que este é um vírus que nos manterá ocupados por um longo tempo”. "Entendemos que todas essas medidas, que pareciam drásticas e draconianas duas ou três semanas atrás, devem ser tomadas agora", afirmou, lembrando que a Europa é "neste momento o epicentro da crise".
No entanto, ela refutou o termo "guerra" contra o vírus, usado esta semana pelo presidente da França, Emmanuel Macron. "Pessoalmente, eu não usaria o termo guerra, mas entendo a motivação do presidente francês porque o coronavírus é um adversário preocupante", disse.
Restrições de viagem
Após proposta de Ursula von der Leyen, os países da União Europeia (UE) decidiram, na terça-feira, 17, proibir por 30 dias a entrada de pessoas que não pertencem ao bloco, com o objetivo de conter a disseminação da pandemia do novo coronavírus. A decisão foi tomada durante reunião entre os líderes por videoconferência. O continente europeu é o novo foco da doença e o número de casos e de mortes pela covid-19 já é maior do que na China, onde a epidemia teve início.
“Quanto menos viagens, mais conseguimos conter o vírus”, disse a presidente da Comissão Europeia. A intenção é que o bloqueio tenha efeito limitado e permita o fluxo de remédios e profissionais da área de saúde. “Equipes essenciais, como médicos, enfermeiras, cuidadores, pesquisadores e especialistas que ajudarem a combater o coronavírus devem continuar a serem aceitos na UE.”
Mais de 50 países já restringiram as fronteiras a estrangeiros por causa da pandemia. A covid-19, segundo boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), já atingiu 151 nações e territórios. As primeiras estratégias de controle de acesso ou suspensão de voos tinham como alvo a China. Com a disseminação da doença nas últimas semanas, no entanto, os controles de fronteiras envolvem número cada vez maior de países.
Na última segunda-feira, 16, a OMS voltou a pedir mais ações dos países para conter a pandemia. "Todos os países, sem exceção, devem tomar as medidas mais ousadas possíveis para interromper ou conter a ameaça do vírus", disse Hans Kluge, da OMS, em um apelo à Europa. / AFP e AP