A exposição de cigarros nas lojas será proibida na Inglaterra e no País de Gales, segundo um anúncio do governo nesta terça-feira, 9. Os planos de proibir totalmente máquinas de venda de cigarros e a disposição de marcas e logos nos maços, no entanto, foram suspensos, pelo menos por enquanto. O governo espera que a proibição de mostrar os cigarros, que também está sendo estudada na Escócia, vai diminuir o número de fumantes. Na prática, os produtos ficariam escondidos atrás do balcão e não haveria propagandas ou sinais de que a loja vende cigarros. A Irlanda do Norte ainda tem que decidir uma política sobre o assunto. Críticos, no entanto, afirmam que as medidas não são suficientes para impedir que jovens comecem a fumar. Apoio Uma consulta do governo sobre como impedir que jovens comecem a fumar, iniciada seis meses atrás, concluiu que "a grande maioria" dos 100 mil entrevistados era a favor da proibição à venda explícita. O ministro da Saúde para a Inglaterra, Alan Johnson, disse que ficou impressionado com os resultados da iniciativa em outros países, que sugerem que a medida tem grande impacto sobre o nível de consumo. Segundo ministros do governo, nos países onde foi adotada a proibição (como a Islândia, por exemplo), a taxa de fumantes entre jovens diminuiu em até 10%. Segundo Alan Johnston, "os jovens vêem o local de venda de cigarros e, como resultado, são encorajados a começar a fumar". "Essa é a evidência chave de por que temos 200 mil jovens entre 11 e 15 anos fumando", acrescentou o ministro. Segundo Johnston, as pessoas que começam a fumar em sua juventude - entre 11 e 15 anos - têm uma propensão três vezes maior a morrer prematuramente do que alguém que comece a fumar aos 20. Eles também estão mais propensos a ficar viciados pelo resto da vida. Resposta "proporcional" Deborah Arnott, diretora do grupo de combate ao fumo ASH, apóia a proibição à exposição de produtos de tabaco nos pontos de venda e diz que a iniciativa é "uma resposta proporcional às mortes e doenças causadas pelo tabaco". Simon Clark, diretor do grupo de lobby pró-fumantes Forest, afirma que a proibição será um inconveniente para milhões de consumidores. "É uma política de gestos, desenhada para 'desnormalizar' adultos que queiram comprar e consumir um produto que é perfeitamente legal", avalia Clark. A Associação da Indústria de Tabaco (TMA, na sigla em inglês) também é contra a proibição e afirma que ela pode ter sérias conseqüências inesperadas, como o aumento da venda ilegal de tabaco. A medida também pode prejudicar a receita de lojas pequenas, que dependem fortemente da venda de tabaco, segundo o chefe executivo da TMA, Chris Ogden. Segundo o ministro Alan Johnston, a proibição vai começar pelos supermercados, que terão que retirar os maços de cigarro das prateleiras à vista do público em 2011, e até 2013 deve chegar às lojas em geral. As medidas também propõem restringir o acesso de jovens às máquinas que vendem cigarros, que seriam a fonte de cerca de 20% dos fumantes entre 11 e 15 anos de idade.