Lula culpa governos e população por epidemia de dengue no Rio

O presidente responsabilizou 'cada indivíduo' pelo descontrole que já contaminou 120.570 pessoas em 2008

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Por Alexandre Rodrigues e Ligia Formenti
Atualização:

Em visita ao Rio nesta segunda-feira, 31, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou as três esferas de governo pela epidemia de dengue no Estado. O presidente, no entanto, dividiu a culpa pelo descontrole do mosquito transmissor da doença "com cada indivíduo deste País." O descontrole está nos números: este ano, 120.570 pessoas contraíram dengue no Brasil. Desse total, 74 morreram - 48 pela forma hemorrágica da doença e o restante por complicações provocadas pela infecção.   Veja também:  Especial - A ameaça da dengue Rio pede médicos de outros Estados contra epidemia de dengue Contratação de pediatras não resolve dengue no RJ, diz Soperj Embrapa desenvolve inseticida para morador usar em criadouro Juíza determina que SUS garanta vaga para doente Dengue atinge status de epidemia no Rio Epidemia de dengue ameaça 30 cidades do País Cabral defende fechamento de hospital que pode tratar dengue   Segundo o presidente, a chave para diminuir a incidência de dengue, que só este ano, no Rio, já atingiu mais de 45 mil pessoas, é "cuidar da dengue antes de sermos picados pelo mosquito". "Depois que ele pica a situação fica complicada", afirmou Lula durante o evento de início das obras do PAC em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.   As piores situações são a do Amazonas, que teve o maior aumento no número de casos, e a do Rio de Janeiro, que registrou 36% dos casos de dengue de todo País, além de pelo menos 55 mortes devidas à doença ou suas complicações.   No fim de semana, pelo menos cinco novas mortes suspeitas de dengue foram registradas, três delas de crianças no Estado. Ao todo, entre os casos confirmados e aqueles que ainda dependem de confirmação clínica, 119 pessoas podem ter morrido no Rio em decorrência da doença. A capital lidera o número de mortes oficiais: 31.   As Forças Armadas abriram nesta segunda-feira três hospitais de campanha para ajudar no atendimento aos doentes da epidemia de dengue. O número de casos notificados em todo o Estado já chega a 45 mil desde janeiro - nos 12 meses de 2007, foram cerca de 66,5 mil casos da doença.   Além dos hospitais, o secretário estadual da Saúde do Rio, Sérgio Cortês, afirmou que quer buscar pediatras em outros Estados com o intuito de fortalecer o atendimento de crianças com dengue na cidade.   A Secretaria da Saúde informou que está enfrentando dificuldades em contratar novos profissionais, devido à falta de procura dos médicos, e por isso vai arcar com as despesas de transporte e hospedagem dos médicos, além de pagar pelos plantões realizados.   Mapa da dengue   Os números da dengue, divulgados nesta segunda-feira, 31, pela Secretaria de Vigilância em Saúde, mostram que em 14 Estados a epidemia cresceu, quando comparada aos primeiros dois meses de 2007. O maior aumento foi no Amazonas: um número de casos 992% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Quando se analisa os números totais do País, no entanto, o número de casos de dengue sofreu uma redução de 27%. Essa queda se deve à redução dos casos na região Centro-Oeste, de 79%, e da região Sul, onde o número de registros este ano foi 56,88% inferior ao que foi contabilizado ano passado.   O Rio notificou até fevereiro 43.523 casos de dengue, 36% de todos os casos registrados no Brasil. A capital fluminense registrou maior número de casos da doença: 3.141. Em seguida, vem Angra dos Reis, com 3.141 casos confirmados. Nova Iguaçu aparece em terceiro lugar, com 2.643 casos. No Rio, foram internados 3.237 pessoas, 53% desse total eram menores de 14 anos.   O número de mortes por dengue no Rio, nestes dois meses, já é superior ao que foi contabilizado em todo o ano de 2007 naquele Estado. Até o momento, foram confirmadas 30 mortes pela doença. Durante todo o ano de 2007, foram registradas 29 mortes. O Estado registrou ainda outras 24 mortes, causadas por complicações da dengue. No Pará, o número de mortes também é significativo: 7, quase metade dos 15 casos registrados durante todo o ano passado.   Quase metade das mortes no Rio (45%) foi entre crianças. Esse número é atribuído a dois fatores: maior parcela de menores infectadas e pouca experiência de profissionais em tratar esse tipo de paciente.   Os números apresentados pelo ministério contabilizam casos até a 13ª semana do ano - o que já conta o mês de março. Além de Manaus, houve um aumento significativo de registros de dengue em Sergipe (617%), Rondônia (484%).

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