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Médico carioca vai à África para tratar pacientes com Ebola

Membro da organização Médicos Sem Fronteiras, Paulo Reis diz não ter medo de voltar ao continente, mesmo com epidemia agravada

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - O médico carioca Paulo Reis, que passou três meses entre Serra Leoa e Guiné tratando pacientes com Ebola, pelos Médicos Sem Fronteiras, diz não ter medo de voltar lá, apesar do agravamento da epidemia. Seu retorno à África será nos próximos dias, para uma temporada de um mês. "Eu não sinto medo. Quando você tem conhecimento e toma todas as precauções, não tem por quê. Não considero que seja mais arriscado do que andar no trânsito do Rio", disse Reis, que está de folga no Rio há 20 dias. No MSF desde 2005, ele trabalha com Ebola desde 2012, e, dessa vez, viu pacientes morrerem todos os dias ("70 pessoas pelo menos", calcula). Oque o motiva a seguir trabalhando é acompanhar a melhora dos quadros e alta de pacientes curados - o que se dá quando os exames de sangue resultam negativo.

Paulo Reis, membro dos Médicos Sem Fronteiras, trabalha com Ebola desde 2012 Foto: Marcos de Paula/Estadão

Reis relatou as dificuldades em lidar com os pacientes em isolamento, o que é feito com uma roupa especial descartável, para que não haja risco de contaminação. "Nenhuma parte do corpo fica à mostra. Nos dias de calor, eu termino todo molhado de suor, como se tivesse saído do chuveiro. Os óculos ficam embaçados com o suor. Não consigo ficar mais de 40 minutos com a roupa", contou. A rotina de trabalho é extenuante: até 13 horas por dia, com intervalos para descanso. Nos poucos horários de lazer, churrasco e filmes o divertem. A diretora-geral do MSF-Brasil, Susana de Deus, criticou a Organização Mundial de Saúde, ONGs internacionais e governos que não estão enviando profissionais suficientes à África. "A resposta está fraca, deficiente, lenta. Podemos evitar mortes todos os dias", afirmou. Até dezembro, a ONG gastará 16 milhões de euros nos três países atingidos pela epidemia: Serra Leoa, Guiné e Libéria.

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