Médico cubano sonha trocar volante por jaleco para combater pandemia
Governo brasileiro quer chamar de volta profissionais que atuaram no Mais Médicos para reforçar a estrutura de combate ao coronavírus
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O médico Danis Duvian, 37 anos, chegou ao Brasil em 2016 para integrar o programa Mais Médicos. Desde que Cuba suspendeu o convênio como resposta à pressão do governo Jair Bolsonaro, o profissional da saúde não quis retornar à terra natal e precisou se reinventar. Sem ter o diploma aceito no Brasil, passou a ganhar a vida com bicos de garçom, de churrasqueiro e de vendedor. Há seis meses, é motorista de aplicativo nas ruas de Vitória (ES).
Como o governo brasileiro quer chamar de volta profissionais que atuaram no Mais Médicos para reforçar a estrutura de combate ao coronavírus, Danis vive agora a expectativa de trocar o volante pelos consultórios – e quer ajudar os brasileiros a enfrentar a pandemia.
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"Vontade temos demais. A gente gostaria, sim (de trabalhar na crise). Imagine voltar a atuar como médico... seria o melhor para todos nós", disse ao Estado o cubano, que chega a dirigir entre 14 e 16 horas por dia.
Depois de eleito, Bolsonaro lançou o programa Médicos Pelo Brasil em substituição ao Mais Médicos - este lançado em 2013, no governo Dilma Rousseff (PT). A recontratação de médicos cubanos já era prevista para o novo programa. Contudo, a iniciativa ainda não saiu do papel por questões burocráticas.
É por isso que o cubano radicado na capital capixaba prefere não fazer planos sobre voltar a atender pacientes no Brasil. "Falam que voltaremos, mas nada está certo. A gente perdeu as esperanças, e isso é muito triste para todos. Acho que só acreditaremos quando estivermos dentro de um consultório, com jaleco branco e com um paciente", afirmou Danis.
Formado pela Universidade de Santiago de Cuba, ele tem mais de dez anos de experiência médica, com trabalho desenvolvido também na Venezuela. A esposa dele também é médica cubana. Ambos vieram juntos ao Brasil. Após encerrado o contrato e sem poder mais consultar, ela chegou a trabalhar na recepção de um posto de saúde, em Vitória. Hoje, se dedica a cuidar da filha, de seis anos.
Coronavírus pelo mundo
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No Vaticano, Papa Francisco cumprimenta com beijos e abraços os fiéis que o aguardam usando máscaras faciais, enquanto Itália confirma 11 mortes pelo ... Foto: EFE/EPA/MAURIZIO BRAMBATTIMais
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Motorista de táxi dirige envolto em capa de plástico enquanto coronavírus se espalha pela China Foto: Hector RETAMAL / AFP
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Funcionários desinfetam interior de igreja católica em Seul, na Coreia do Sul, onde mais de 200 mil fiéis são testados por sintomas do coronavírus Foto: YONHAP / AFP
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Bolsa de Tóquio caiu 0,79% nesta quarta-feira, 26, refletindo efeitos do coronavírus, enquanto acionistas usam máscaras para fugir do vírus Foto: EFE/EPA/KIMIMASA MAYAMA
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Cidadãos da Indonésia chegam ao navio-hospital KRI Dr. Soeharso após serem evacuados de embarcação com suspeita de coronavírus Foto: Indonesian National Armed Forces / Reuters
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No Kuwait, crianças comemoram o Dia Nacionale Dia da Liberação com máscaras faciais, após governo local ter identificado nove pessoas infectadas pelo ... Foto: EFE/EPA/NOUFAL IBRAHIMMais
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Na cidade de Herat, no Afeganistão, pessoas circulam com máscaras faciais após primeira pessoas infectada pelo coronavírus ter sido identificada no pa... Foto: EFE/EPA/JALIL REZAYEEMais
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Na cidade de Gangelt, na Alemanha, creches e escolas estão fechadas após homem ter sido anunciado como o primeiro paciente positivo para o coronavírus... Foto: EFE/EPA/SASCHA STEINBACHMais
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Policiais se protegem do coronavírus com máscaras durante expediente em área de turismo das Ilhas Canárias, na Espanha Foto: AP Photo
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Na Coreia do Norte, pessoas andam pelas ruas de Pyongyang com máscaras faciais Foto: AP Photo/Jon Chol Jin
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Escola católica é desinfetada por agentes do governo tailandês após estudante ter sido testado como positivo para o coronavírus Foto: EFE/EPA/RUNGROJ YONGRIT
Bangkok, Tailândia
Estudantes universitários protestam contra epidemia do coronavírus na Tailândia Foto: Mladen ANTONOV / AFP
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Nas ruas de Milão, jovens ocupam praça enquanto usam máscaras faciais e número de mortes por coronavírus chega a 11 vítimas fatas no país Foto: EFE/ Mourad Balti Touati
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Em Seul, na Coreia do Sul, ônibus são desinfetados para conter epidemia do coronavírus no país, onde 12 pessoas já morreram pela doença Foto: EFE/EPA/JEON HEON-KYUN
Contratações. O Ministério da Saúde quer, ao todo, um reforço de 5.811 profissionais para enfrentamento do novo coronavírus a partir de abril. O edital do Mais Médicos para enfrentar a epidemia foi lançado no último dia 11. É estimada uma despesa de R$ 1,2 bilhão para as contratações. Profissionais devidamente inscritos nos Conselhos Regionais de Medicina ou com o diploma revalidado também podem se apresentar para a seleção.
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Os médicos brasileiros terão prioridade na seleção. Os cubanos serão escolhidos em etapas subsequentes do processo. Deles será exigido o cumprimento dos seguintes requisitos: terem sido desligados do Mais Médicos em razão do fim do acordo de cooperação entre o governo brasileiro, de Cuba e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS); e terem permanecido em território nacional até a data da publicação da MP do Médicos Pelo Brasil, em 1º de agosto de 2019, na condição de naturalizados, residentes ou com pedido de refúgio.
Não há exigência de prova do Revalida, exame que o governo brasileiro exige para reconhecer diplomas emitidos por universidades de fora do Brasil.
A decisão de abrir o novo edital do Mais Médicos é do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Filiado ao DEM, o titular da pasta é correligionário do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), com quem Bolsonaro entrou em rota de colisão após participar da manifestação do último domingo, 15, com gritos de ordem contra o Congresso.