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Médico da Unifesp divulga vídeo com informações falsas sobre coronavírus

Em vídeo que viralizou, patologista diz que o novo coronavírus não causa gripe e não é letal, contrariando os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde, por cientistas e o cenário de pandemia que se instalou

Por Giovana Girardi
Atualização:

Um vídeo de um médico, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), viralizou na internet nos últimos dias com mensagens erradas sobre os riscos da doença causada pelo novo coronavírus. O patologista Beny Schmidt, professor da Medicina, que tem um site e um canal no youtube chamado Programa Ciência Livre, afirmou que o coronavírus não causa gripe e não é letal, contrariando os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde, por cientistas e o cenário de pandemia que se instalou.

No vídeo, feito logo após a comprovação dos dois primeiros casos da doença no Brasil, ele diz que “o vírus não é patogênico, não é capaz nem mesmo de causar a gripe”. E afirma que faz essa manifestação “cientificamente, como patologista da Escola Paulista de Medicina”.

Montagem divulgada após o vídeo original ser tirado do ar traz trechos em que o médico Beny Schmidt fala que o novo coronavírus não causa gripe nem mata Foto: Reprodução

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Schmidt também diz que o “vírus está muito longe de letal” e que as mortes ocorridas até então eram de “pessoas que eram portadoras de coronavírus, mas isso não significa, de maneira alguma, que o vírus foi o causador da morte”. Segundo ele, o “vírus não faz mal a ninguém”.

E complementa: “As pessoas morreram de outras comorbidades. A gente morre, todo mundo vai morrer, A gente morre de hipertensão, de diabetes, de câncer, mas de coronavírus a gente não morre, porque Deus não quis, porque esse vírus não é letal.”

Ele sugere ainda que o vírus zika, que se espalhou pelo Brasil em 2016, não teve nenhuma relação com a microcefalia – fato também já bem compreendido pela ciência – e diz que “não vai demorar mais do que três meses e ninguém mais falar de coronavírus”. Ele conclui dizendo que “todo mundo vai perceber que foi uma armação, talvez dos próprios chineses.”

Após o vídeo viralizar, nos últimos dias, o médico o tirou do ar, mas não antes de ser salvo por várias pessoas, que continuam compartilhando-o. O material também caiu em redes de direita e sofreu algumas edições. Nos comentários, muita gente afirma que é a pandemia é armação para esvaziar os protestos marcados para este domingo. Em uma das montagens, publicada nesta quinta-feira, 12, no youtube, já havia mais de 21 mil visualizações até a publicação deste texto.

O Estado tentou falar com Schmidt, mas sua assessora disse apenas que o vídeo foi tirado do ar, que ele não daria mais entrevistas e que foi mal interpretado, mas a assessora não deu detalhes sobre de qual maneira.

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A Unifesp não comentou o caso nem se tomou alguma atitude em relação ao pesquisador. Divulgou uma nota vaga dizendo que “orienta toda a sua comunidade a acessar os canais oficiais da universidade como portal e redes sociais oficiais da Unifesp, portal do Hospital São Paulo e o portal específico sobre o coronavírus do Ministério da Saúde para obter informações sobre como evitar contágios, mas também evitar alarmismos e combater notícias falsas”.

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