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Médicos abandonam hospital sob intervenção

Após denúncias de fraudes no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, cerca de 50 saíram

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

 Pelo menos 50 médicos pediram demissão do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) após denúncias de fraudes em plantões e licitações que resultaram na prisão de 12 pessoas em junho deste ano. O hospital, que está sob intervenção do Estado, atende 3 mil pacientes por dia. As demissões em massa representam 13% do corpo médico e prejudicam até o atendimento de emergência. Anteontem, quatro pessoas feridas em um acidente não foram atendidas, pois não havia equipe médica de plantão. O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que transportava as vítimas, registrou boletim de ocorrência no plantão da Polícia Civil. O diretor do CHS, Luis Cláudio de Azevedo Silva, disse que a falta de médico decorreu de erro na escala de plantão, mas os pacientes acabaram sendo atendidos - dois foram transferidos para hospitais particulares. O presidente do Sindicato dos Médicos de Sorocaba e Região, Antonio Sérgio Ismael, disse ter denunciado a falta de médicos ao Conselho Municipal de Saúde. “Existem falhas na escala de plantões porque não há profissionais suficientes para garantir o serviço todos os dias.” Segundo ele, os médicos do Estado ganham piso de R$ 1,8 mil por 20 horas semanais, podendo chegar a R$ 2,5 mil com os auxílios. O salário é menor que o dos médicos do município. Segundo Ismael, outros hospitais da região sofrem com a falta de médicos. Ele avalia que as demissões não são causadas apenas pelos baixos salários, mas também pelas prisões durante a Operação Hipócrates. “Tudo o que aconteceu desmoralizou o hospital e houve até casos de insultos a médicos que não tiveram nada a ver com o problema.” A precariedade dos prédios do conjunto e a falta de materiais também afetam os serviços. De acordo com Silva, o governo estadual anunciou investimento de R$ 72 milhões na reforma e ampliação do hospital. As obras estão em processo de licitação. Ele reconheceu que há defasagem de salário entre o setor público e o privado, mas disse que as demissões decorreram também das mudanças introduzidas na gestão após a intervenção, como controle mais rigoroso da carga horária.

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