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Médicos de São Paulo suspendem hoje as consultas de planos, em protesto

Por DAVI LIRA - O Estado de S.Paulo
Atualização:

Os médicos do Estado de São Paulo prometem interromper hoje as consultas de pacientes conveniados a planos de saúde. Os profissionais protestam contra os valores pagos pelas operadoras por consultas, exames e outros procedimentos. Os atendimentos emergenciais serão mantidos.A paralisação é organizada pela Associação Paulista de Medicina (APM), o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e a Federação dos Médicos do Estado (Femesp). Para dar visibilidade ao protesto, os médicos realizaram ontem uma passeata da sede da APM, no centro da capital, até a Câmara, onde pediram apoio dos vereadores aos pleitos da categoria.No Estado, 58 mil médicos atendem pacientes de planos de saúde, mas não se sabe quantos vão interromper o atendimento. Isso porque o que há é uma recomendação das entidades para que o serviço seja interrompido. Cabe a cada médico decidir pela adesão ou não.Segundo o presidente da APM, Florisval Meinão, os baixos honorários são "inaceitáveis" porque impactam diretamente na qualidade no atendimento prestado. Segundo ele, atualmente o valor da consulta básica varia de R$ 25 a R$ 60. Os médicos exigem o valor mínimo de R$ 80. Meinão afirma que, antes de propor a paralisação, os médicos negociaram durante nove meses com as operadoras.O ginecologista Lauro Mascarenhas Pinto, de 58 anos, recebe, em média, R$ 50 por consulta. "Para uma retirada de nódulo da mama, os planos repassam apenas R$ 70. O valor deveria ser de R$ 350", diz Pinto, que trabalha em São José dos Campos.As entidades à frente da paralisação também criticam a pressão das operadoras para reduzir pedidos de internações e de exames mais caros. Também defendem a inclusão de cláusula de reajuste anual no contrato, conforme instrução normativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Segundo a APM, até agora nenhuma empresa atualizou os contratos existentes.Levantamento do Simesp mostra que, de 28 operadoras que negociaram reajustes ou estão em processo de negociação desde 2011, nenhuma estipulou os R$ 80 por consulta. Trinta e cinco operadoras ainda não negociaram com os médicos.De acordo com o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Junior, a baixa remuneração afeta também dentistas, fisioterapeutas e enfermeiros. "O termômetro é o pronto-socorro (privado). Existe fila pra tudo", diz.O representante do Sindicato dos Médicos de São Paulo Otelo Chino Junior afirma que os reajustes dos planos não são repassados aos profissionais. "A inflação cobrada pelos planos não chega à metade do que é repassado aos médicos.Competência. Em nota, a ANS informou que vem trabalhando no "limite de sua competência legal" na relação entre planos de saúde e prestadores e não pode fixar valores de honorários.A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) - entidade que reúne 15 grupos de operadoras, com uma carteira de quase 24 milhões de assegurados - também destaca que não é de sua competência a negociação de reajustes. "Cada operadora trata diretamente com os médicos", afirma o diretor executivo da entidade, José Cechin.

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