SÃO PAULO - O diretor clínico do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU - USP), José Pinhata Otoch, afirmou que o corpo médico do hospital vai fazer um abaixo-assinado para que haja uma auditoria externa nos salários dos médicos do hospital e como protesto a documentos apresentados pela reitoria para justificar o repasse do HU para a Secretaria de Estado da Saúde. Segundo Otoch, a apresentação da reitoria no Conselho Universitário da USP, que mostrava a variação atual dos salários de médicos do HU, foi feita de forma "leviana" e "mesquinha". O documento aponta que a variação do salário dos médicos hoje no HU vai de R$ 6.366, piso da categoria, a R$ 28.260 - o salário do governador, teto para os servidores estaduais, chega a R$ 20.662. Segundo a apresentação da reitoria, a média dos salários dos médicos no hospital é de R$ 13.995, mais do que o dobro do salário médio dos médicos do Hospital das Clínicas - modelo de repasse sugerido pela gestão para ser seguido no HU -, que aparece como R$ 6 mil. Otoch afirma que salários próximos a R$ 28 mil chegam a existir no hospital universitário, mas que os valores se devem à necessidade de pagar horas extras a um corpo médico pequeno, que tem de atender à demanda do hospital. "A hora extra do médico é cara e a progressão (de salários do corpo médico) ocorre segundo a progressão da Universidade de São Paulo", afirma Otoch. "O que a reitoria está mascarando é que nenhum médico pediu para ter aumento de salário. O salário de hoje é o determinado pela universidade. A universidade quer jogar nos funcionários dela a culpa pela má-gestão." O diretor afirma que os médicos vão discutir até esta quinta-feira como farão os protestos contra os documentos apresentados. "Essa coisa de salário foi colocada para tirar o foco de toda a discussão e está colocando em risco o debate (de transferência do HU)." A diretoria diz que só vai afirmar se é contra ou a favor da transferência do hospital após o grupo de trabalho montado pelo Conselho Universitário analisar como será feito o repasse. A assessoria de imprensa da USP afirmou que vai aguardar o abaixo-assinado para comentar sobre o caso.