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Médicos italianos debatem se Eluana vai sofrer

Medicina ainda não tem certeza se interrupção de hidratação e alimentação causa sofrimento

Por Efe
Atualização:

Médicos e cientistas na Itália estão nesta quarta-feira, 4, divididos sobre se Eluana Englaro, a italiana de 38 anos em estado vegetativo desde 1992, sofrerá depois que a hidratação e alimentação dela forem suspensas.   Veja também:  Você concorda com a decisão de deixar Eluana morrer? Perguntas e respostas: entenda o caso Governo verifica idoneidade de centro que recebeu Eluana Italiana é transferida para hospital onde ocorrerá eutanásia Papa diz que eutanásia é solução falsa para sofrimento Clínica não desligará aparelhos de italiana em estado vegetativo Líder de Toscana pede que clínicas façam eutanásia de Eluana Hospitais se negam a fazer eutanásia autorizada na Itália Eutanásia de mulher que vegeta há 17 anos divide Itália   A mulher está internada desde a terça-feira, 3, em uma clínica de Udine, no nordeste da Itália, onde, nos próximos dias, uma equipe de voluntários suspenderão progressivamente a alimentação da italiana - mas sem retirar a sonda nasogástrica - até a morte, como autorizou a Justiça italiana após o pedido da família.   A equipe de voluntários seguirá um estrito protocolo médico para esta operação e, segundo os especialistas, Eluana levará várias semanas para morrer.   A pergunta feita por vários meios de comunicação italianos é se Eluana, questão à qual os médicos do país responderam sem encontrar uma posição comum.   O responsável da equipe de voluntários que ajudará Eluana a morrer, o anestesista Amato De Monte, disse que ela "não sofrerá, porque está morta há 17 anos".   O anestesista Mario Riccio, que foi o encarregado de ajudar o italiano Piergiorgio Welby a morrer em 2006, ao retirar o ventilador que o mantinha com vida, disse que Eluana "não pode sentir fome, sede ou dor", porque "os estímulos dependem do córtex cerebral, que, neste caso, não funciona".   "O fato de uma pessoa que está em estado vegetativo há 17 anos tenha uma mínima percepção de dor é algo que podemos excluir com uma ampla e razoável segurança", disse Davide Mazzon, diretor do departamento de anestesia do Hospital de Belluno (norte).   Por outro lado, Giuseppe Nappi, neurologista e diretor científico da Fundação Mondino, de Pavia, disse que "a dor é uma reação primordial, que pode ser experimentada inclusive em condições de total inconsciência", assim como "não se pode excluir que uma pessoa em estado vegetativo não possa tê-la".   O diretor científico do Instituto para o Estudo e a Cura dos Tumores, de Milão, Marco Pierotti, disse que "ninguém pode dizer com total segurança o que Eluana está sentindo.   Pierotti, membro da Associação de Médicos Católicos, acrescentou que pode garantir "que retirar a alimentação e hidratação pode ter consequências extremamente dolorosas".   Diante dessa incerteza, a sociedade médica interdisciplinar Promed Galileo pediu a realização de uma ressonância magnética em Eluana para "saber se sofrerá quando desligarem a sonda".

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