Menina de nove anos que fez aborto tem alta no Recife

A criança, sua irmã de 13 anos e sua mãe devem permanecer em local não divulgado por 15 dias

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Por Angela Lacerda
Atualização:

A menina de nove anos que se submeteu a um aborto de gêmeos recebeu alta nesta sexta-feira, 6, do Centro Integrado Amaury de Medeiros (Cisam), no Recife, e se encontra em um abrigo especializado, sob a proteção do Governo do Estado, ao lado da mãe e da irmã mais velha, de 13 anos. As duas eram estupradas pelo padrasto, pai dos gêmeos.   Veja também: Médicos agiram dentro da lei em caso de aborto, diz Secretaria Jornais do mundo falam sobre caso de excomunhão e aborto Lula critica excomunhão de médicos por aborto em menina  Igreja excomunga envolvidos em aborto de menina estuprada  Equipe médica excomungada diz que não está arrependida  Entenda o que dizem o Direito Canônico e o Código Penal  Opine: qual ética o médico deve seguir nestes casos?   De acordo com a assessoria da Secretaria Executiva da Mulher, a mãe e as filhas permanecer no local - não divulgado - por cerca de 15 dias, recebendo atendimento médico, psicológico e social. A menina e a mãe deixaram a instituição às cinco horas da manhã, para evitar qualquer tipo de assédio. De acordo com o gerente médico do Cisam, Sérgio Cabral, a criança estava bem e ele não tem dúvidas de que o Cisam tomou a decisão correta em fazer o aborto.   Depois do aborto a que foi submetida a menina de 9 anos, toda a equipe médica que participou do procedimento e a mãe da criança, que o autorizou, foram excomungadas da Igreja Católica. O anúncio da excomunhão, feito pelo arcebispo de Olinda e Recife, d. José Cardoso Sobrinho, provocou polêmica. Dois ministros de Estado fizeram críticas à atitude do religioso. José Gomes Temporão, titular da Saúde, considerou a excomunhão "lamentável". Carlos Minc, do Meio Ambiente, declarou que estava "revoltado".   Profissionais de saúde que viraram alvo da sanção eclesiástica disseram ontem que não estão arrependidos. "Graças a Deus estou no rol dos excomungados", disse a diretora do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), Fátima Maia. Católica, ela disse ter agido como diretora de um instituto de referência no Estado para atendimento à mulher vítima de violência sexual, mas pessoalmente também não tem nenhum arrependimento. "Abomino a violência e teria feito tudo novamente. O Cisam fez e vai continuar fazendo, estamos qualificados para esse tipo de atendimento há 16 anos."

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