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'Meu irmão jovem e saudável, hoje está internado, sozinho'

Jeanderson Motta contraiu coronavírus pela 2ª vez e está internado na Bahia. 'Meu irmão tem 29 anos e nunca imaginaríamos que hoje estivesse internado, com 15% dos pulmões comprometidos', lamenta irmão mais novo

Por Fernanda Santana
Atualização:

*Depoimento de Ramon Motta, de 23 anos, irmão de Jeanderson Motta, de 29, funcionário de supermercado internado com coronavírus em Camaçari, no interior da Bahia.

"A primeira vez que meu irmão Jeanderson teve coronavírus foi na primeira onda, em março do ano passado. Todo mundo estava tentando entender o porquê da máscara, do álcool. Teve sintomas leves, mas ficou com a sequela de ter crises de falta de ar. Ele já estava trabalhando na época, em um supermercado. Há sete dias, se infectou de novo. A gente tomou um susto, porque ele já tinha tido. Ele não contou para ninguém, para não preocupar. 

'Meu irmão é uma das pessoas mais fortes que conheço', diz Ramon Foto: Acervo pessoal

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Só me ligou quando não aguentava mais. Meu irmão é uma das pessoas mais fortes que conheço. Para ele ter ligado dessa forma, desesperado, acho que foi de fato muito porque ele precisava. Meu irmão tem 29 anos e nunca imaginaríamos que hoje ele estivesse internado, com 15% dos pulmões comprometidos. Na última madrugada (dia 5), teve muita febre, estava tossindo muito. 

Quando chegamos no hospital, ele ainda ficou na enfermaria, esperando um leito. Vi muitos jovens adentrando na emergência. E deu para ver os profissionais de saúde exaustos. Pensei que não sei mais o que pensar e onde vamos acabar. 

Achamos que ele contraiu o vírus no ônibus, agora, ou trabalhando, porque ele trabalha com muita gente jovem, e a gente está vendo o comportamento dos jovens, sem levar a sério. Meu irmão tomava muito cuidado. Faz atividade física regular, musculação e corrida, é uma pessoa jovem e saudável. Hoje está internado, sozinho. É uma situação solitária. Acho que precisamos falar com nossa juventude, porque não dá para pensar nesse problema só depois que adoecermos". /DEPOIMENTO A FERNANDA SANTANA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

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