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Ministério da Saúde não confirma continuidade de pesquisa sobre a incidência da covid-19 no País

Estudo conduzido pela Universidade Federal de Pelotas, considerado o maior do mundo sobre o tema, não tem recursos garantidos

Por Mariana Hallal
Atualização:

O

Ministério da Saúde

não confirmou a renovação do financiamento da Epicovid19-BR, principal pesquisa sobre a incidência do

coronavírus

na população brasileira. O estudo é conduzido pela

Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

e contou com verba federal nas três primeiras fases da etapa nacional.

Pedro Hallal, reitor da UFPel e coordenador do estudo, afirma que a pesquisa está parada por falta de recursos. A instituição pretende buscar outras formas de financiamento tanto no setor público quanto no privado.

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Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Foto: Reprodução/Estadão

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Hallal fala que o ministério não procurou a universidade para dar continuidade ao estudo, que apresentou os últimos resultados no dia 3 de julho. Ele acredita que a interrupção da pesquisa é motivada por razões políticas. “Não há motivos técnicos. Parar a pesquisa no meio da pandemia é inaceitável”, afirma.

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira, 21, o ministro da Saúde interino Eduardo Pazuello comentou sobre a pesquisa. Ele disse que o estudo "estava muito bom", mas que o governo tinha dificuldade de "projetar o raciocínio" para o País todo. "O Brasil é muito heterogêneo e a gente precisaria de pesquisas individualizadas em casa região do País. É o que nós estamos avaliando", afirmou Pazuello. 

Em nota, o Ministério da Saúde disse que “dará continuidade a estudos de inquérito epidemiológico de prevalência de soropositividade na população". O texto fala que o órgão ainda não definiu qual pesquisa continuará financiando. O ministério também afirmou que as três etapas da Epicovid19-BR inicialmente previstas foram executadas. O governo federal investiu R$ 12 milhões no estudo.

Os pesquisadores pretendem fazer pelo menos mais três fases da pesquisa. O reitor reitera a importância do estudo. “A pesquisa traz informações que podem ser usadas para o desenho de políticas públicas de saúde”, afirma.

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Cerca de 90 mil pessoas em 133 cidades de todas as unidades da federação foram testadas nas três primeiras fases do estudo, que evidenciaram a subnotificação dos casos de covid-19 no Brasil. Os resultados mostraram que o número real de infectados no Brasil pode ser até seis vezes maior que o oficial.

O estudo também revelou que os mais pobres estão mais expostos à covid-19. A terceira fase da pesquisa verificou que a incidência da doença na parcela menos abastada da população é de 4,1%, enquanto na mais rica é de 1,8%.

A pesquisa constatou também que 91% das pessoas com anticorpos apresentaram sintomas da doença. Os indícios mais relatados foram alteração de olfato/paladar, dor de cabeça, febre, tosse e dor no corpo.

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