Ministério divulga aumento de mortes por gripe entre crianças

Segundo a pasta, 44 menores de 5 anos morreram neste ano; número é mais do que o triplo do registrado no ano passado

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Por Ligia Formenti
Atualização:
No total, 54,4 milhões de pessoas deveriam ter sido imunizadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

BRASÍLIA - Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que 44 crianças menores de cinco anos morreram neste ano por complicações ligadas à gripe. O número é mais do que o triplo do registrado em 2017, quando 14 óbitos foram computados pela pasta. 

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O grupo de crianças é o que apresenta o menor indicador de adesão à campanha de vacinação contra a doença, que termina nesta sexta-feira, 22, para o público prioritário. Pelos cálculos da pasta, 3,6 milhões de menores de cinco anos não foram imunizados. Com isso, a taxa de cobertura atingiu 67,7%. A expectativa é de que alcançasse, no mínimo, 90% da população nesta faixa etária.

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Gestantes também apresentaram uma baixa adesão, com cobertura de 71%. A partir de segunda, a vacinação contra a gripe será aberta para outros públicos, além dos que são considerados prioritários. Crianças de 5 a 9 anos poderão ser imunizadas e também pessoas a partir dos 50 anos.

A tendência de aumento da mortalidade por complicações de gripe não se registra apenas entre crianças. Dados do Ministério da Saúde mostram que ocorreram no País até o momento 535 mortes. A maior parte, 351 mortes, provocadas pela infecção por H1N1. O H3N2, cepa do vírus que no Hemisfério Norte provocou um grande número de casos e mortes, causou no País 97 óbitos.

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No total, 54,4 milhões de pessoas deveriam ter sido imunizadas. Os números obtidos até quarta, no entanto, mostram que a expectativa foi frustrada. Apesar de duas prorrogações, 45,8 milhões de pessoas em todo o País foram vacinadas.

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São Paulo

A Secretaria da Saúde decidiu manter e ampliar a campanha de vacinação contra a gripe, que se encerraria nesta sexta-feira, 22, no Estado de São Paulo. A partir de segunda-feira, 25, os municípios que ainda tiverem vacina devem estender a vacinação também para crianças de 5 a 9 anos e para adultos de 50 a 59 anos. O motivo é que a campanha não atingiu a meta de imunizar 90% da população dos grupos de risco no Estado. Cerca de 950 mil crianças e 170 mil gestantes ainda precisam ser imunizadas, segundo a pasta. Nesses grupos de risco, a cobertura vacinal atingiu 59,1% das grávidas e apenas 58,3% das crianças.

No interior, muitas cidades já haviam decidido intensificar as campanhas de vacinação, em razão de mortes recentes causadas pela doença. Em Botucatu, a Secretaria de Saúde confirmou a primeira morte pela gripe nesta quinta-feira, 21. A vítima do influenza H1N1 foi um jovem de 19 anos que estava internado no Hospital das Clínicas da cidade. Conforme o secretário André Spadaro, a vacinação atingiu apenas 74,5% do público-alvo e, no caso das crianças de 6 meses a 5 anos, ficou em 44%. “Entramos em contato com a Vigilância Epidemiológica Estadual e pedimos um reforço de vacinas para a próxima semana”, disse.

Em São José do Rio Preto, a Secretaria de Saúde vai manter a vacinação depois de confirmar a décima morte pela gripe. A vítima, uma mulher de 54 anos, foi diagnosticada com a influenza H1N1, responsável por sete dos óbitos. A cidade teve 72 casos de gripe grave confirmados. Segundo a Secretaria foram vacinadas 131 mil pessoas, das quais 94,8 de grupos de risco, atingindo 88,7% da meta. “Temos um bom resultado, mas deveríamos ter alcançado 90% em todos os grupos”, disse a secretária Michela Barcelos. Segundo ela, quem faz parte dos grupos prioritários e não se vacinou pode procurar uma unidade mesmo após o fim da campanha. "Vamos utilizar as doses que sobraram para continuar a vacinação”, disse.

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Em Catanduva, apenas 74% das pessoas que deveriam se imunizar tomaram a vacina. Crianças e gestantes ficaram abaixo dos 60%. A Secretaria lançou uma campanha paralela, envolvendo escolas e igrejas, que vai continuar ao menos até o fim de junho. A cidade não registrou mortes, mas na região, quatro pessoas morreram este ano.

Em Taubaté, foram confirmadas mais duas mortes pelo vírus. As vítimas são mulheres de 63 e 84 anos que morreram no início de maio. A cidade soma oito mortes por gripe este ano. Entre as vítimas, estão dois jovens de 19 e 20 anos e um bebê de 3 meses. “Grávidas e pais que ainda não vacinaram seus filhos devem aproveitar a continuidade da vacinação. Para esses grupos, tomar a vacina é especialmente importante para evitar complicações futuras, como pneumonia e internações hospitalares”, disse a diretora de Imunização da pasta estadual, Helena Sato. /COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

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