Ministério Público investiga morte de 12 bebês no Pará

Promotor já pediu cópia do prontuário das mulheres que deram entrada na maternidade do hospital

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Por Carlos Mendes
Atualização:

Falha médica ou falta de equipamentos? Esta é a suspeita do Ministério Público para a morte de 12 bebês, no último final de semana, no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Pará. O MP começou nest aterça-feira, 24, a investigar o caso e vai pedir a abertura de inquérito policial. O promotor Ernestino Silva já pediu cópia do prontuário das mulheres que deram entrada na maternidade do hospital e quer saber as providências que foram tomadas em cada situação. As informações pedidas por Silva terão de ser entregues até sexta-feira, 27.   O Sindicato dos Médicos do Pará diz que há um ano vem denunciando mortes de bebês, mas nenhuma providência até agora foi tomada. O diretor da entidade, Luiz Sena, é taxativo: "o Ministério Público já conhecia o problema, os diretores da Santa Casa, também. Esse não é um processo de agora. E nós não sabemos mais a quem recorrer". O que falta no hospital, garante Sena, são investimentos em saúde básica e prevenção. Sem isso, as mortes continuarão acontecendo.   Funcionários do hospital contaram ao Estado que os bebês internados enfrentam risco de morte devido à superlotação e falta de equipamentos. Pedindo para não ser identificado, um deles disse que até respiradores são divididos entre os recém-nascidos. Para piorar, há superlotação de leitos e uma concentração exagerada de crianças da própria capital e do interior do Pará atendidas na Santa Casa.   A direção da Santa Casa diz em nota que o número de óbitos está de acordo com a taxa aceita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50% do total de leitos da unidade. "Essa taxa de mortalidade em UTI neonatal é parâmetro internacional esperado, devido à gravidade da saúde dos pacientes atendidos pelo serviço", sustenta o documento. Para a secretária estadual de Saúde, Laura Rosseti, o que houve foi uma "fatalidade". "A UTI tem 22 leitos. Foi um caso ocasional e uma concentração de casos gravíssimos".   A secretária nega falta de médicos e enfermeiros para atender os bebês. "Todos foram bem assistidos". Parentes de bebês que morreram contestam Rosseti, afirmando que não havia médicos nem para fazer o parto, além de demora no atendimento.

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