Ministro da Saúde diz que manterá indicação de psiquiatra

Segundo Marcelo Castro, Duarte Filho deverá 'aperfeiçoar' a área de saúde mental; indicado foi diretor de manicômio no Rio

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Por Ligia Formenti
Atualização:
O ministro da Saúde, Marcelo Castro Foto: ANDRÉ DUSEK|ESTADAO

BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou que vai manter a indicação do psiquiatra Valencius Duarte Filho para o cargo de Coordenador Geral de Saúde Mental, Álcool e Drogas da sua pasta, apesar da grande polêmica em torno do assunto. "Não vou rever a decisão", disse. "O que estão dizendo a respeito dele são coisas infundadas", completou. 

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O ministro afirmou que Duarte Filho é um homem de sua confiança e que ele estará encarregado de fazer um "aperfeiçoamento" da área. "Sou psiquiatra, professor de psiquiatria. Imagine eu ter a oportunidade de ser ministro e não fazer uma coisa importante para saúde mental", disse.

A nomeação de Duarte Filho, um ex-aluno de Castro na Universidade Federal Fluminense, provocou uma onda de críticas de setores ligados à luta antimanicomial. Manifestações em redes sociais se multiplicaram. 

Duarte Filho foi diretor técnico da Casa de Saúde Dr. Eiras de Paracambi, no Rio, manicômio apontado como o maior hospital psiquiátrico privado da América Latina e fechado em 2012 após denúncias de violações de direitos humanos. 

O Conselho Nacional de Saúde, em uma reunião de conselheiros, também mostrou descontentamento com a indicação. Críticos temem que o novo nome para a área represente um retrocesso na reforma psiquiátrica e temem pela volta de uma assistência centrada na internação. Em entrevista ao Jornal do Brasil, o psiquiatra criticou a lei antimanicomial. 

Castro, no entanto, saiu em defesa do seu ex-aluno. Afirmou que a entrevista teve como objeto não a lei antimanicomial, mas a projeto de lei que estava em discussão no Congresso Nacional. De acordo com o ministro, a primeira versão da proposta era muito "radical" e havia despertado críticas de vários integrantes da comunidade médica. "Ele foi contra esse projeto, mas o que está em vigor hoje não é esse projeto", disse Castro.

O ministro garantiu que o assessor nomeado por ele colaborou para a elaboração da versão final da lei, que está em vigor hoje. "Como ele pode ser contra uma lei que ele mesmo ajudou a construir?". Castro afirmou que a área de saúde mental é muito polarizada e que, num assunto como esse, o que deve valer é a ciência. "A reforma psiquiátrica é importante. Mas vamos melhorá-la", disse Castro, sem, no entanto, apontar quais problemas ele quer resolver.

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Ele afirmou que deverá ser iniciada uma avaliação do impacto da lei nos últimos 15 anos. "Não estou criticando ninguém, mas está na hora de fazer um balanço. Ver o que andou bem, ver o que precisa melhorar." Não há ainda estimativa sobre quando esse projeto vai começar. "Será logo. E ele deve durar pelo menos seis meses."  

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