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Mortes de macacos por febre amarela são registradas em SP e Estado estende vacinação

Coordenador Controle de Doenças da Secretaria de Saúde diz ser prematuro garantir que o risco de uma epidemia para o próximo verão é reduzido, como indicou o ministro da Saúde

Por Ligia Formenti
Atualização:
Vacinação. Entre os sintomas da febre amarela estão febre, calafrios, perda de apetite, náuseas, dores de cabeça e musculares, principalmente nas costas Foto: Emerson Ferraz

BRASÍLIA - São Paulo já decidiu estender a vacinação contra febre amarela para todas as cidades do Estado, exceto para regiões metropolitanas, afirmou ao Estado o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde, o infectologista Marcos Boulos. A decisão é tomada diante da identificação da mudança do comportamento da doença. 

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Nesta quarta-feira, porém, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, declarou o fim do surto, o pior registrado no País desde que registros da doença começaram a ser contabilizados. 

Ao contrário do que ocorria em anos anteriores, mortes de macacos continuam a ser registradas no Estado. Para Boulos, tais episódios mostram que o vírus ainda está em circulação e o risco de novos casos em humanos ainda existe. “Pela primeira vez, identificamos a continuidade da doença. Em epidemias anteriores, os ciclos eram definidos, com aumento de casos em animais e posterior redução. Não é o que estamos vendo neste ano”, disse Boulos.

Diante de tal mudança, o coordenador diz ser prematuro garantir que o risco de uma epidemia para o próximo verão é reduzido, como indicou o ministro da Saúde, Ricardo Barros. “Não dá para descartar.”

Quatro mortes de macacos doentes por febre amarela foram registradas em Gonçalves, na região da Mantiqueira. Recentemente, foram notificadas também mortes de animais na região próxima da Anhanguera. “A população da região já começou a ser imunizada”, disse o coordenador. “Não paramos, vamos vacinando aqui e acolá. A ideia é fazer um grande cerco contra o vetor."

Boulos disse que a intenção é vacinar no primeiro momento áreas consideradas mais vulneráveis do Estado, sobretudo as regiões de mata. Com o tempo, completou, a área de imunização será ampliada para quase a totalidade do Estado, com exceção das áreas metropolitanas onde o risco é considerado baixo. "Nessas áreas, a imunização será dirigida para pessoas que vão para regiões consideradas de maior risco." Exceções podem ser feitas no caso de registros de epizootias.

Estudos conduzidos pela equipe de vigilância da secretaria mostram que a febre amarela em São Paulo neste ano ocorreu em três grandes frentes no Estado. Uma situação atípica. “No passado, víamos casos concentrados em algumas áreas já tradicionais, sobretudo na região Oeste. A doença se expandiu. Hoje vemos casos próximos de Campinas, em bairros próximos da Grande São Paulo.”

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O coordenador admite que há ainda muito a se melhorar na cobertura vacinal e atribui as taxas ainda baixas justamente ao aumento expressivo das áreas de risco. “Temos de vacinar áreas que antes não eram de risco. Ano a ano falávamos que a febre amarela chegaria ao Sudeste e ao litoral. E chegou. Houve uma expansão na área de risco.”

Boulos observou ainda que a vacinação de febre amarela passará para a rotina da imunização em crianças do Estado. "Isso será feito de forma simultânea com as recomendações do Ministério da Saúde", disse. "O que queremos é ampliar a faixa de cobertura." Boulos disse preferir uma ação de vacinação de forma gradual, sobretudo para evitar problemas relacionados com grandes campanhas, como a imunização em pessoas com contraindicações à vacina, ocorram. "O importante é criar o cerco. Não é necessário vacinar todos, ao mesmo tempo."

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