Município do Pará entra em colapso por falta de oxigênio; seis pessoas morreram nas últimas 24 horas

Situação mais preocupante é na comunidade de Nova Maracanã, onde pelo menos 34 pacientes estão hospitalizados

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Por Danielle Ferreira
Atualização:

BELÉM - Pelo menos seis pessoas morreram nas últimas 24 horas por asfixia no município de Faro, no Pará, segundo a prefeitura da cidade de 12 mil habitantes. A realidade no local é de colapso na área da saúde com a falta de oxigênio, leitos e medicamentos para os pacientes em tratamento da covid-19. O município fica na divisa com o Estado do Amazonas.

A situação mais preocupante é na comunidade de Nova Maracanã, onde pelo menos 34 pacientes estão hospitalizados. O município pede ajuda para transferir oito doentes que estão em estado grave e necessitam com urgência de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A falta de estrutura para atender a demanda de infectados também atinge as cidades vizinhas de Terra Santa (PA) e Nhamundá (AM).

Oxigênio chega em Faro, no Pará Foto: Prefeitura de Faro

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Na manhã desta terça, 19, o prefeito Paulo Carvalho conseguiu comprar 20 balas de oxigênio na cidade de Santarém (PA). Além de Santarém, Faro também costuma comprar suprimentos de oxigênio em Manaus, no Amazonas. “Ambas as cidades estão em crise. A demanda é maior que a quantidade, porque a produção está comprometida”, diz, referindo-se à crise na empresa White Martins, fornecedora de oxigênio hospitalar na região oeste do Pará.

Prevendo alta nos casos da doença, a prefeitura local aumentou o número de leitos de 6 para 30. Segundo o médico da Unidade Básica de Saúde de Faro, Yordanes Perez, o oxigênio recebido hoje garante apenas dois dias de tratamento dos pacientes internados. “Nós estamos vivendo uma crise, na contramão para tentar salvar vidas. Estamos trabalhando 24 horas para isso”, explicou.

Na semana passada, o governo do Pará proibiu a circulação de embarcações vindas do Estado do Amazonas em território paraense. O fechamento da fronteira segundo o governador Helder Barbalho foi uma medida preventiva para evitar o contágio pela covid-19.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que no Pará duas empresas são responsáveis pelo fornecimento de oxigênio, White Martins e Air Liquide. Somente a empresa White Martins produz atualmente 58 mil m3 por dia, quantidade suficiente para o abastecimento de todo o Estado. A Sespa esclarece, ainda, que é responsabilidade das secretarias municipais de Saúde a manutenção de contratos e a aquisição do produto para abastecimento local.

De acordo com publicação do governo paraense, 159 cilindros de oxigênio foram distribuídos na segunda-feira, 18, a municípios do região oeste do estado, dos quais 20 foram enviados a Faro, enquanto os demais tinham como destino Oriximiná (79 unidades), Terra Santa (30) e Juruti (30).  O texto ainda destaca que o Pará tem capacidade de produção suficiente para atender todos os seus 144 municípios e aponta que emitiu um alerta para que as prefeituras monitorem o abastecimento dos hospitais, a fim de evitar falta de equipamentos essenciais. 

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