Na Paulista, baixa demanda acelera fechamento do comércio e aumenta insegurança

Movimento foi tão baixo que alguns donos de restaurantes decidiram fechar as portas neste sábado

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Por Túlio Kruse
Atualização:

O fechamento do comércio na cidade de São Paulo esvaziou alguns dos locais mais movimentados da capital paulista neste sábado, 21. A Avenida Paulista, na região central, teve alguns de seus restaurantes fechados pela primeira vez desde o início da pandemia do novo coronavírus.

O motivo não foi o decreto para fechamento dos serviços não essenciais, que entra em vigor a partir da próxima terça, 24. Na via mais conhecida da cidade, o movimento foi tão baixo que muitos donos de lanchonetes e restaurantes resolveram encerrar as atividades antes mesmo do previsto.

Avenida Paulista estava vazia neste sábado Foto: Werther Santana/Estadão

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“Estamos vendo que não faz sentido ficar aqui trabalhando, só viemos porque somos obrigados”, disse a atendente Ingrid Araújo, de 20 anos, que trabalha em um quiosque que serve açaí na Paulista. Até as 15h da tarde deste sábado, ela havia vendido menos de cinco refeições.

O dono do quiosque onde ela trabalha manteve o local aberto para tentar vender o estoque de produtos e, assim, ter menos prejuízo. Quando ela conversou com a reportagem, ainda restavam 70 quilos de açaí na geladeira, e os restaurantes ao redor da esquina com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio já fechavam as portas por falta de demanda.

“Estamos informando os números das vendas e esperando uma posição do patrão", ela contou. "Nosso vizinho fechou as portas mais cedo do restaurante porque não vendeu um prato de comida sequer.”

Próximo ao cruzamento com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima, os garçons e cozinheiros de três restaurantes estavam de braços cruzados, à espera de clientes. Os gerentes conversavam sobre fechar as portas antes mesmo da entrada em vigor do decreto que exige a suspensão do atendimento nos restaurantes. A avaliação era de que a demanda dos serviços de entrega não seria suficiente para mantê-los em funcionamento.

“A demanda não está muito tão bem assim, tanto que tanto que muita gente do delivery, entregadores e cozinheiros, foi dispensada”, diz Antonio, de 65 anos, dono de duas pastelarias na Paulista. Integrante do grupo de risco para o novo coronavírus, Antonio ainda torcia para ter movimento suficiente para manter uma das lanchonetes abertas e continuar trabalhando. “Nós estamos vendo se vale a pena ficar aberto até terça, se tem demanda suficiente para manter ao menos um restaurante. Se não, vou ter que ficar em casa mesmo.”

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Insegurança

As calçadas vazias da Paulista aumentaram a preocupação de alguns moradores com a segurança. Há quem peça mais policiamento na região, preocupados com a quantidade menor de pessoas na rua.

“Estou muito mais preocupado com a queda no movimento da rua do que com o vírus”, diz o químico Marcos Paulo, de 56 anos, que mora na região. “Com o fechamento desses restaurantes e sem pedestres, quem dependia de esmola vai fazer o que? Vão ficar desesperados e assaltar as pessoas e, com a rua deserta, todos ficam mais vulneráveis a assalto.”  

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