Nas sociedades indígenas da Amazônia, crianças tinham uma mãe e muitos pais

Conforme a pesquisa, o modelo trazia vantagens para a mulher, num sistema onde havia muitas guerras

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Por EFE
Atualização:

A paternidade múltipla, baseada na crença de que vários homens podiam contribuir para a concepção de uma criança, foi a técnica mais usada nas sociedades indígenas da Amazônia, segundo um estudo da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos.

 

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Os autores do artigo publicado na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, estimam que até 70% das comunidades do amazônicas usavam o princípio da paternidade múltipla.

 

"A concepção era vista como um processo gradual no qual se somavam contribuições de esperma de vários homens", descreveu o estudo realizado no Brasil, Paraguai, Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Venezuela, Colômbia e Guianas.

 

Conforme a pesquisa, o modelo trazia vantagens para a mulher, por se acreditar que "pais secundários" contribuíam geneticamente, e por garantir que seus filhos sempre teriam pelo menos um pai, numa sociedade que frequentemente estava em guerra.

 

O estudo esclareceu que os pais "secundários" costumavam ser parentes ou amigos do companheiro oficial.

 

"Este costume começou há 5 mil anos e se manteve na maioria das sociedades da região até as últimas duas gerações, provavelmente ainda exista em 20 ou 30 comunidades", explicou um dos autores, o antropólogo Robert Walker à Agência Efe.

 

A técnica é rara dentre as antigas civilizações, com registros de casos isolados na Índia e na Papua-Nova Guiné.

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