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Navios de cruzeiro mudam itinerários e permitem cancelamento pelo coronavírus

Conforme o Procon, consumidor não é obrigado a expor sua saúde a riscos viajando para destinos onde poderá contrair a doença. Empresas reforçam cuidados

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Companhias de cruzeiros marítimos estão mudando itinerários e revendo as políticas de cancelamento de viagens para se adequarem à nova ordem mundial imposta pelo coronavírus. Algumas empresas devolvem o dinheiro ou oferecem créditos para os clientes que pretendem remarcar as viagens. Conforme a Fundação Procon de São Paulo, o consumidor não é obrigado a expor sua saúde a riscos viajando para destinos onde poderá contrair o coronavírus. Ele pode optar por adiar a viagem, viajar para outro destino ou obter a restituição do valor já pago.

Pasageiros do Grand Princess aguardam desembarque em São Francisco, nos EUA Foto: REUTERS/Kate Munsch

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A Costa Cruzeiros, que tem bandeira italiana, revisou os itinerários de seus navios que fazem escalas nos portos daquele país, após as novas medidas anunciadas na segunda-feira, 9, pelo governo italiano. Os cruzeiros em curso farão escalas nos portos da península apenas para permitir que os hóspedes desembarquem e retornem aos seus locais de origem, sem excursões ou novos embarques.

A empresa está oferecendo um crédito para que os hóspedes afetados por essas alterações possam reprogramar os cruzeiros. Conforme a companhia, nos últimos dias já não foi admitido o embarque de italianos em cruzeiros que partiram de fora do Mediterrâneo.

A Costa Cruzeiros também alterou sua política, oferecendo o cancelamento gratuito e sem penalidade para as reservas novas e individuais feitas no período de 9 de março a 30 de abril deste ano.

O cancelamento é válido para os cruzeiros internacionais com embarques a partir de 1.º de maio e para todos os roteiros previstos na temporada 2021 no mundo, incluindo as viagens pela América do Sul e as travessias Brasil-Itália pelos navios Costa Fascinosa, Costa Luminosa e Costa Pacifica. “Para garantir a gratuidade, o cancelamento deve ser feito até o dia 30 de abril. O benefício não será aplicado nas viagens que tenham sido alteradas antes de 9 de março”, informou.

A Royal Caribbean permite, desde o dia 6 de março, que os hóspedes cancelem qualquer cruzeiro com partida até 31 de julho próximo, até 48 horas úteis antes da partida. O cliente recebe uma carta de crédito de cruzeiro futuro no valor da multa prevista no contrato, que pode ser utilizada em qualquer cruzeiro com partida em 2020 ou 2021. A medida vale até 31 de dezembro de 2021 para todos os portos em que se dê o embarque. Pacotes de bebidas e excursões em terra incluídas no pagamento também serão reembolsadas.

A companhia informou que já foram cancelados ou modificados os itinerários que incluem a Ásia, não restando roteiros com partidas da China ou Hong Kong. Com relação à Itália e outros países com o coronavírus, não houve ainda restrições significativas de viagens. “Continuamos monitorando as notícias sobre a situação constantemente e quaisquer restrições de viagem ou travessias canceladas serão atualizadas regularmente.”

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Todos os navios da Royal Caribbean adotaram medidas determinadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que se aplicam a qualquer pessoa durante o embarque, como recusar passageiros que tenham viajado para a China, Itália, Tailândia, Irã, Japão, Hong Kong, Macau e Coreia do Sul durante os últimos 15 dias e, ainda, apresentem sintomas ou tenham suspeita de infecção pelo vírus.  

“Todos os hóspedes que forem proibidos de embarcar devido às restrições, receberão como compensação o valor total pago pelo seu cruzeiro, incluindo as excursões e os complementos”, esclarece.

A MSC Cruzeiros tornou mais rigorosa a triagem pré-embarque desde o último dia 9, incluindo a proibição de acesso aos navios a quem viajou por qualquer áreas da Itália sujeita a restrições pelo coronavírus, com destaque para as regiões do Vêneto, Lombardia e Piemonte.

A regra abrange até quem passou por aeroportos dessas regiões. Quem viajou para qualquer parte da Itália nos últimos 14 dias terá acesso negado nos navios MSC Armonia, MSC Divina, MSC Seaside, MSC Preziosa e MSC Meraviglia.

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Entre os sintomas que impedem o embarque está a temperatura corporal igual ou superior a 37,5 graus.  “A MSC continua realizando triagens pré-embarques por câmeras térmicas para identifica pessoas que possam estar em risco”, informa. A companhia informou que houve um aumento na desinfecção contínua de áreas públicas dos navios. “Nesse momento, podemos confirmar que não houve casos de coronavírus a bordo de nenhum de nossos navios”, diz o texto.

A MSC cancelou o cruzeiro do MSC Opera que estava programado para partir nesta terça-feira, 10, de Genova, na Itália, já que as novas medidas do governo italiano impediriam que os passageiros que iriam embarcar chegassem ao porto genovês. 

Os clientes com reservas neste cruzeiro receberão um voucher no valor do seu cruzeiro atual, que poderá ser resgatado em qualquer cruzeiro futuro durante 2020 e 2021. “Tendo em vista esta recente decisão tomada pelo governo do Itália, estamos analisando possíveis alterações para os demais cruzeiros e as respectivas políticas de cancelamento. Teremos uma definição o quanto antes, que será comunicada a todos os hóspedes com reservas”, informou.

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A MSC Cruzeiros informou também que o passageiro que tenha negado o embarque devido a alguma restrição receberá o reembolso do valor do seu cruzeiro. Segundo a companhia, em fevereiro, foram tomadas medidas específicas com o MSC Splendida, que estava sediado na China, assim que ficou claro que o Covid-19 poderia representar ameaça, como o reposicionamento do porto de partida e cancelamento de escalas. Os passageiros tiveram a opção de cancelar o cruzeiro e serem reembolsados.

Turistas tentam se adaptar

Os turistas estão se adaptando às novas regras para viagens. A aposentada Shirley Cobiak Zelic, de São Paulo, embarcou com o marido e um casal de amigos em navio da MSC, no Porto de Santos, nesta terça-feira, 10, com destino ao Mediterrâneo. A viagem, no entanto, teve de ser encurtada devido ao vírus.

“Compramos a passagem no início de dezembro e fizemos toda a programação, incluindo o desembarque no porto italiano de Gênova, e uma excursão até os Alpes suíços, com retorno pelo aeroporto de Milão (Itália). Devido à situação na Itália, resolvemos desembarcar em Barcelona, na Espanha, onde o vírus está menos presente. Vamos perder a parte italiana da viagem e a visita aos Alpes suíços”, disse. O retorno, dia 31 de março, será pelo aeroporto de Madri.

O empresário Enio Ferreira, de Sorocaba, que embarca em um cruzeiro da Royal também para destinos do Mediterrâneo, em setembro próximo, está na expectativa do que vai acontecer. “Somos um grupo grande e estamos em compasso de espera. Como a viagem ainda está um pouco longe, pretendemos esperar mais um mês para ver o que acontece.”

O itinerário, que inclui a Grécia, teria passagem por Roma, que já foi alterada. “Devido a essa situação (coronavírus), só fechamos a parte marítima e deixamos para depois a aérea até a Europa. Daqui a um mês tomamos uma decisão, se cancelamos tudo ou não”, disse.

Consumidor deve acatar orientações oficiais

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De acordo com o Procon-SP, as autoridades oficiais, como o Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS) são os órgãos responsáveis por estabelecer critérios e restrições a serem adotadas em razão do coronavírus.

O consumidor deve acompanhar e acatar as orientações oficiais. “Sem que haja recomendação específica das autoridades, não cabe à empresa determinar restrições. Caso o consumidor tenha o seu embarque negado por questões impostas pela empresa, ele tem o direito ao ressarcimento dos valores pagos”, informou.

Ainda segundo o órgão, além de optar pelo adiamento ou cancelamento da viagem, o consumidor pode negociar alternativas com a empresa que entenda que não o prejudique. “Caso o consumidor se sinta prejudicado pela postura adotada pela empresa, ele pode procurar o Procon, que irá intermediar a negociação para tentar compor um acordo”, informou.