No 1º dia de reforma, movimento do PS do Hospital das Clínicas cai 90%

Menos de 50 pessoas procuraram atendimento na unidade nesta sexta-feira; obras vão durar 12 meses, interditar parte do local e reduzir atendimento ao público

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Por Fernanda Bassette
Atualização:

O primeiro dia de reforma no pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo registrou movimento muito abaixo da média: até o meio da tarde de ontem, menos de 50 pessoas haviam procurado a unidade, uma redução de 90% na média diária de atendimentos do PS.Até a médica Eloísa Bonfá, diretora do hospital, estava surpresa com a queda no movimento. "A população deve ter se sensibilizado com a divulgação que fizemos desde o início da semana e deve ter procurado uma AMA (Assistência Médica Ambulatorial). Os pacientes que estão aqui provavelmente não sabiam da reforma", avalia.De fato, a dona de casa Natalina Raimundo da Silva, de 56 anos, não sabia da reforma do pronto-socorro. Ela saiu da zona leste bem cedo e demorou 2h30 para chegar ao HC. Foi orientada sobre as obras pela equipe de acolhimento, mas optou por esperar pelo atendimento ali. Diante das cadeiras vazias, a espera não seria tão longa.Natalina diz que procurou o pronto-socorro porque levou uma picada de um inseto não identificado há dois meses, o que provocou uma forte reação alérgica e infecção na pele. Apesar da medicação, o problema não diminui. "Fui ao postinho do bairro, mas eles me mandaram vir para cá porque só aqui conseguiria fazer um exame mais adequado", conta.O aposentado Oswaldir Otaviano, de 64 anos, também procurou o HC sem saber das obras. Ele, que faz hemodiálise três vezes semana há 12 anos, diz que suspeita estar com alguma infecção porque não consegue urinar. Há mais de um ano ele faz tratamento no HC.Ele mora em Pirituba, na zona norte, e demorou quase 2 horas para chegar ao PS. "Procurei o hospital geral mais perto de casa. Lá demoraram 4 horas para me atender porque só tinha um médico. Quando ele me atendeu, ele disse que, como eu fazia tratamento no HC, era para eu vir para cá", diz Otaviano.O aposentado diz que, da próxima vez, vai procurar uma AMA perto de casa. "E vou torcer para a reforma acabar logo porque quem ganha com isso somos nós, os pacientes", afirmou.A recepcionista Gisele Alves da Silva, de 30 anos, mora em Francisco Morato e estava ontem entre os pacientes na sala de espera do PS. Ela faz um tratamento contra um câncer de mama e queria passar por uma consulta com um ginecologista por causa de uma suposta infecção."Eu sabia da reforma, achei que nem seria atendida, mas resolvi arriscar. Aqui dá para fazer exame mais rápido e pegar a medicação", afirmou Gisele.PrazoA reforma está orçada em R$ 4 milhões e deve durar 12 meses. A prioridade será atender pacientes graves e vítimas de traumas. Os demais pacientes são recebidos por uma equipe de acolhimento e orientados a buscar uma unidade da AMA mais próxima de casa.Os que insistirem em ser atendidos na unidade, passam por uma triagem que vai classificar o caso de acordo com a gravidade. O tempo de espera varia de acordo com essa classificação. Após as obras, o HC deve triplicar a capacidade de atendimento de casos graves e traumas.

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