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No STF, médicos argumentam que anencéfalos não sobrevivem

Especialistas também alegam que gestação coloca em risco a saúde e a vida das mães

Por Mariângela Gallucci e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Médicos obstetras e especialistas em genética e medicina fetal asseguraram durante audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) que bebês com anencefalia não têm chance de sobreviver. "(A anencefalia) é letal em 100% dos casos quando o diagnóstico é correto", afirmou o médico e deputado federal José Aristodemo Pinotti, durante audiência no Supremo, para debater a liberação ou não da interrupção de gestação de fetos com anencefalia. Além das chances nulas de sobrevivência, os especialistas disseram que a manutenção das gestações coloca em risco a saúde e a vida das mães que estão gerando o feto com anencefalia. Veja também: Junta diz que Marcela não era anencéfala Caso Marcela foi marcado por informações confusas  CNBB e espíritas defendem a vida de fetos anencéfalos Universal e CDD defendem direito ao aborto de anencéfalo 'Não há dúvida, Marcela não era anencéfala' Leia opiniões de especialistas contra e a favor do aborto   Opine: o STF deve autorizar o aborto de fetos anencéfalos?  Entenda os casos de anencefalia    Assista ao vivo a transmissão pela TV Justiça     Heverton Peterssen, da Sociedade Brasileira de Medicina Fetal, garantiu que a menina Marcela de Jesus foi diagnosticada como anencéfala e viveu 1 ano e 8 meses não era portadora da anencefalia. Segundo ele, Marcela tinha neroencefalia, que é uma anomalia na qual há resquícios do tecido cerebral. A história de sobrevivência de Marcela é um dos principais argumentos usados pela ala contrária à interrupção de gestação de anencéfalos, para convencer o STF a não legalizar a prática em todo o País. "Houve um erro de diagnóstico no caso da Marcela. Não era um feto anencéfalo", afirmou Pinotti. O presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Salmo Raskin, também rebateu a alegação de que a manutenção das gestações de fetos com anencefalia poderia se justificar porque poderiam ser doadores de órgãos. Segundo Raskin, esses bebês não podem ser doadores de órgãos porque são portadores de múltiplas alterações e os seus órgãos são menores que os das crianças saudáveis. "Do meu conhecimento, não há nenhum caso no Brasil em que se tenha usado órgão de anencéfalo", afirmou.

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