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Nova restrição em SP é correta, mas governo deveria ter adotado há 2 ou 3 semanas; leia análise

Reduzir circulação de pessoas é essencial para frear vírus; alívio para o sistema de saúde deve demorar mais que 14 dias

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Por Gonzalo Vecina
Atualização:

O conjunto de medidas tomadas para o Estado de São Paulo está próximo do que deveria ser, mas o governador João Doria (PSDB) ainda fez muitas concessões, particularmente no que diz respeito às igrejas (há veto a celebrações coletivas, mas é liberado o atendimento individual) e escolas privadas. A ideia seria limitar ao máximo a circulação de pessoas para reduzir casos. Talvez apertar o que pudesse ser apertado agora fosse a atitude mais corretapara que pudéssemos ter queda nos números, como em Araraquara, no interior.

É inteligente a ideia de não reduzir a circulação de ônibus, manter a frota na rua para diminuir a probabilidade de haver ônibus cheios e manter o ciclo de contaminação nestes espaços. Pedir para que as empresas façam parte do esforço para o escalonamento do funcionamento de indústria, comércio e atividade escolar também é importante. Mas deveria fechar toda atividade escolar para diminuir o trânsito de pessoas - exceto a entrega de alimentação para crianças da rede pública.

Fiscais da Vigilância Sanitária na Rua 25 de Março, no centro de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

  E, com certeza, essas decisões demoraram. Deveriam ter sido implementadas há duas ou três semanas, um pouco depois de Araraquara, que iniciou este ciclo. A cidade do interior demorou uma semana, mas tomou todas as decisões que deveriam ser tomadas. As novas medidas do governo do Estado já poderiam começar hoje.

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Temos de manter nossa capacidade de responder com a rede de saúde. Reforçar equipes hospitalares, pois não dá para criar hospitais de campanha de repente. Para desafogar a rede, demora mais que os 14 dias. Estas duas semanas de restrição vão propiciar queda de casos, porématé o fim do 14º dia enviaremos gente ao hospital. E as pessoas demoram de 15 a 20 dias para se salvar ou, infelizmente, morrer.

*É MÉDICO SANITARISTA, EX SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO E COLUNISTA DO ESTADÃO

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