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Número de ex-fumantes supera o de que ainda fumam, diz IBGE

Cerca de 26 milhões de pessoas largaram o cigarro; mais da metade dos fumantes querem parar de fumar

Por Fabiana Cimieri e da Agência Estado
Atualização:

O número de ex-fumantes já é maior do que o de fumantes no País. Entre a população brasileira adulta, 17,2% fumam - o que equivale a 24,6 milhões de pessoas. Por outro lado, 26 milhões pararam de fumar, a maioria há mais de dez anos. É o que mostra a primeira Pesquisa Especial Sobre Tabagismo (Petab), divulgada nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE), e que traça um perfil completo do consumo de tabaco no Brasil.

 

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Esse número, aparentemente favorável aos esforços antitabagistas, vem acompanhado de outros que mostram a dificuldade dos que lutam para abandonar o vício. Metade dos fumantes (52%) afirma que quer parar de fumar. No entanto, quando questionados quando abandonarão o vício, apenas 7% responderam que o fariam no próximo mês. Pouco mais de 81% dos entrevistados quer parar "um dia", mas não nos próximos 12 meses, ou não está interessado em deixar de fumar agora.

 

A pesquisa é o levantamento mais completo já realizado sobre o número, perfil e hábitos dos fumantes no Brasil. O IBGE, em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) entrevistou 51 mil pessoas de 851 municípios durante a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad). O estudo foi financiado em parte por organismos internacionais e utilizou a metodologia do Gats (Global Adult Tobacco Survey), que está sendo aplicada em outros 13 países. A Tailândia, único país que já publicou seus resultados, registrou um número de fumantes proporcionalmente parecido ao encontrado nacionalmente.

 

No Brasil, 9 em cada 10 fumantes (88%) fumam diariamente, enquanto cerca de 12% são usuários ocasionais. Seis em cada dez usuários de tabaco acendem o primeiro cigarro até meia hora depois de acordar, o que, segundo especialistas, é outro sinal de dependência. Mais de um terço dos entrevistados consome de 15 a 24 cigarros por dia, o que equivale a uma carteira de cigarros por dia. Por outro lado, quase 65% da população nunca fumou na vida.

 

Nos últimos 12 meses, 45,6% dos fumantes revelou ter tentado deixar o vício, mas apenas 22% recorreu à ajuda de algum profissional de saúde ou à medicamentos.

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Perfil

 

Os fumantes são predominantemente homens (14,8 milhões contra 9,8 milhões de mulheres, o que equivale a 21% da população masculina e 13% da feminina). A maioria dos que fumam (78%) têm entre 25 e 64 anos e a maior parte deles (32% das pessoas entre 20 e 34 anos) começaram a fumar entre os 17 e 19 anos.

 

Proporcionalmente, fuma-se mais na área rural (20,4%) do que nas urbanas (16,6%), embora em números absolutos mais de dois terços dos fumantes morem nas cidades (20,1 milhões). O estudo mostrou diferenças regionais importantes. Enquanto nas áreas urbanas os cigarros industrializados representam quase a totalidade do consumo, nas regiões rurais, o fumo de rolo ainda supera o de cigarros industrializados (13,8% contra 11,9% da população).

 

A Região Sul foi a que registrou o maior porcentual de fumantes - 19% da população - e é também onde as mulheres mais fumam (16)%. A maior proporção de fumantes homens foi encontrada no Nordeste (23%).

 

A pesquisa também mostrou uma relação entre baixos rendimento e escolaridade com o hábito de fumar. Ou seja: quanto maior a escolaridade, menor a proporção de fumantes. Entre quem tem menos de um ano de estudo, 26% é fumante. Entre quem tem 11 anos ou mais, esse porcentual é de 12%. O mesmo acontece com o rendimento. Quanto maior a renda, menor a população de fumantes (23% dos que ganham menos de 1/4 de salários mínimos fumam, na população que ganha acima de 2 SM, apenas 13%).

 

Fumo passivo e propaganda

 

O local mais apontado de exposição à fumaça produzida pelo consumo de tabaco por terceiros era a própria casa, por 27,9% do total de 15 anos ou mais de idade. A exposição no trabalho era relatada por 24,4% das pessoas de 15 anos ou mais de idade que trabalhavam fora (11,6 milhões em números absolutos). Já em restaurantes, o porcentual alcançou 9,9%.Os bares, botequins e restaurantes eram os locais mais utilizados para compra de cigarros industrializados no Brasil, citados por 53,8% dos fumantes. Também foram citados com frequência os supermercados, mercadinhos e mercearias (21,7%) e as padarias e lanchonetes (14,8%). Em média, os fumantes de cigarros industrializados gastavam R$ 78,43 por mês com cigarros.

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