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Número de mortes associadas a aids registra queda de um terço desde 2010

Segundo relatório do Unaids, 770 mil pessoas morreram em 2018; balanço de 2020 indicou 1,2 milhão; órgão advertiu para a queda do financiamento para erradicar a doença

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Por Redação
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PARIS - O número de mortes relacionadas à aids em 2018 caiu a 770 mil, um terço a menos que em 2010, anunciou nesta terça-feira, 16, a ONU, que ainda fez uma advertência sobre a estagnação dos esforços mundiais para erradicar a doença com a redução do financiamento.

Em 2018, US$ 19 bilhões foram destinados a programas de luta contra a aids, US$ 1 bilhão a menos que em 2017 e US$ 7 bilhões a menos que o valor considerado necessário para 2020 (US$ 26,2 bilhões) Foto: Tang Chhin Sothy / AFP

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Mais de três em cada cinco soropositivos no mundo - 23,3 milhões de 37,9 milhões - recebem tratamentos antirretrovirais, uma proporção recorde, afirmou o Unaids, programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids, em seu relatório anual.

Os tratamentos, que permitem não transmitir o vírus da doença quando tomados corretamente, alcançam 10 vezes mais pacientes do que em meados da década passada.

O número de mortes em 2018 foi ligeiramente inferior ao registrado em 2017 (800 mil) e um terço menor do que o balanço de 2010 (1,2 milhão). Além disso, está muito abaixo do registrado em 2004, quando o vírus da aids matou 1,7 milhão de pessoas.

O número de novas infecções permanece estável na comparação com os anos anteriores (1,7 milhão). Contudo, as cifras globais escondem grandes diferenças regionais, destacou o Unaids, que adverte que a luta contra a doença não avança a um ritmo suficiente.

Em geral, a queda do número de mortes e o maior acesso aos tratamentos são explicados pelos avanços registrados no sul e leste da África, o continente mais afetado pela doença. Em outras partes do mundo, alguns indicadores ainda são preocupantes.

No leste da Europa e na Ásia Central o número de novas infecções disparou 29% desde 2010. O número de mortes em consequência da aids também aumentou 5% nestas regiões e 9% no Oriente Médio e norte da África, nos últimos oito anos.

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Redução do financiamento

O Unaids advertiu em seu relatório que o financiamento para eliminar a doença está em queda. "Pela primeira vez desde 2000, os recursos disponíveis para a luta global contra a aids caíram", alertou Gunilla Carlsson, diretora interina do órgão após a saída de Michel Sidibé.

Em 2018, US$ 19 bilhões foram destinados a programas de luta contra a aids, US$ 1 bilhão a menos que em 2017 e US$ 7 bilhões a menos que o valor considerado necessário para 2020 (US$ 26,2 bilhões).

"Esta redução é um fracasso coletivo", ressaltou o Unaids. O programa da ONU afirma que o cenário envolve "todas as fontes de financiamento": contribuições internacionais dos Estados, investimentos dos países ou doações privadas com fins filantrópicos.

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Por este motivo, 2019 é considerado um ano crucial. Organizada a cada três anos, a conferência de financiamento do Fundo Mundial será realizada no dia 10 de outubro na cidade francesa de Lyon.

O objetivo é arrecadar US$ 14 bilhões para o período 2020-2022 para conseguir financiar o fundo. Os principais contribuintes são Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Japão.

Os obstáculos afetam o trabalho para alcançar o objetivo estabelecido pela ONU para 2020: que 90% das pessoas portadoras do vírus conheçam seu diagnóstico, que 90% delas recebam tratamento e que, entre elas, 90% tenham uma carga viral indetectável.

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Em 2018, estas proporções foram, respectivamente, de 79%, 78% e 86%, com muitas diferenças regionais. / AFP