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O fantasma do esgotamento mental

Pressões decorrentes da pandemia aceleraram o risco de exaustão para profissionais ao redor do planeta

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Por Redação
Atualização:
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Múltiplas tarefas: Cuidar da rotinha de casa e do home office tem gerado estresse nas pessoas Foto: Damircudic/Getty Images

As empresas terão de aumentar cada vez mais o apoio à saúde emocional dos funcionários. Essa é uma das tendências-chave para os próximos anos, elencada pelo recém-publicado relatório anual da Associação Americana de Psiquiatria. Trata-se, segundo a instituição, de uma necessidade reforçada pelos desdobramentos da pandemia. As pressões sobre os trabalhadores são várias. Vão desde o isolamento decorrente da prática de home office até a necessidade de conciliar demandas profissionais e pessoais, além do receio de perder o emprego e do medo da contaminação.

A associação apresentou números impressionantes, mas esperados, sobre os efeitos da covid-19 nos profissionais dos Estados Unidos: dois terços relataram que problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, prejudicaram o desempenho no trabalho durante a pandemia. Quatro em cada dez trabalhadores consideram ter iniciado 2021 em luta contra o Burnout, a síndrome de esgotamento emocional.

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São números que se aproximam aos de outro estudo recente, feito pelo Instituto Gallup. Dos profissionais com vínculo de trabalho em tempo integral nos Estados Unidos, 23% relataram que têm se sentido esgotados com muita frequência ou sempre. Outros 44% disseram ter essa sensação eventualmente.

A pressão que os trabalhadores estão vivendo em todo o planeta, apesar de ter crescido muito por causa da pandemia, estava acentuada antes mesmo de o coronavírus começar a se espalhar, segundo Carlos Baptista, coordenador do núcleo de seleção de alunos do MBA da Faculdade de Informação e Administração Paulista (Fiap).

De acordo com o professor, a ansiedade dos profissionais em relação ao futuro vinha em alta por causa dos impactos causados pela transformação digital. “É um movimento que envolve muita volatilidade e incerteza. A soma disso com a pandemia resulta num cenário propício para o aparecimento de várias doenças de cunho psicológico.”

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Para Baptista, a saída é adotar modelos de liderança que ajudem as pessoas a lidar melhor com as incertezas. O primeiro passo para isso é incentivar a colaboração. “É preciso engajar a equipe por intermédio de um propósito compartilhado. Quando os colaboradores entendem o contexto e se unem no mesmo objetivo, as dificuldades individuais são mitigadas.”

Outra necessidade é ter lideranças mais próximas dos subordinados. “Esse novo modelo de líder tem que focar mais no ser humano do que na atividade em si. É preciso usar a empatia para entender onde estão os limites, quais são as dificuldades de cada um e ajudar na superação dessas dificuldades”, descreve o professor. “Esse novo líder não é mais um super-herói que sabe tudo e sempre tem uma resposta. Ele também é um ser humano que tem fragilidades.”

Missão para os gestores

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Uma das questões centrais da preocupação com a saúde mental dos trabalhadores é que a gravidade do quadro pode não estar sendo percebida adequadamente pelos gestores. Até porque, como demonstrou uma pesquisa realizada pela Microsoft, os líderes dos negócios completaram o primeiro ano de pandemia se sentindo bem, no geral – 61% se definiram como “em fase de prosperidade”, ante 39% que se classificaram como “lutando” ou “sobrevivendo”. Entre os subordinados, a proporção é quase exatamente a inversa: apenas 38% se sentindo prósperos, enquanto 62% estão “lutando” ou “sobrevivendo”.

Certamente era mais fácil para um gestor perceber quem não estava bem quando todos compartilhavam o mesmo ambiente de trabalho. Agora, com a equipe fisicamente separada, o processo se tornou mais complexo. Algumas empresas passaram até a usar tecnologias que identificam automaticamente indícios de sofrimento psíquico a partir da análise de palavras-chave nos e-mails ou nas falas das pessoas.

Para o consultor Fernando Dias, especializado em carreira, as empresas precisam investir em treinamentos que habilitem os gestores a investigar como está a saúde mental dos subordinados. “São atitudes como perceber a fisionomia dos colaboradores nas reuniões, observar se há falta de atenção ou mudanças de comportamento, conversar à parte com cada um”, ele descreve.

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Há também a autoanálise que pode ser feita pelo próprio profissional, ao perceber em si sinais como insônia, dificuldade para se concentrar, distúrbios intestinais e mudanças de humor. “Tudo isso são alertas de que a pessoa pode estar precisando de ajuda profissional”, observa o consultor. (MO)

Telepsicologia para quem precisa

A SulAmérica vai abrir inscrições, a partir de segunda-feira (12/4), para um programa gratuito de atendimento psicológico por vídeo, que serão feitos por profissionais do Psicologia Viva. E só no online. Serão 35 mil atendimentos disponibilizados durante um mês, com limite de três sessões por pessoa, dependendo da avaliação da necessidade pelo profissional envolvido. “Não é um tratamento, e sim um apoio para este momento de tanta necessidade”, diz Patrícia Coimbra, vice-presidente de Capital Humano e Sustentabilidade da seguradora.

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A perspectiva da Sul- América é proporcionar o atendimento a quem está na linha de frente do combate à covid-19 ou perdeu algum ente querido para a doença. Outro desejo é a participação de pessoas dos mais diferentes pontos do País. Apesar dessas intenções, os únicos filtros formais no momento da inscrição (mais informações no site www.sulamericasaudeintegral.com.br) serão a idade mínima de 18 anos e não estar associado a qualquer convênio de saúde. “Boa parte dos inscritos terá acesso a um atendimento psicológico pela primeira vez na vida”, observa Patrícia.

No momento da inscrição, o participante já pode escolher o profissional e agendar a conversa. A telepsicologia é um serviço que a SulAmérica já presta aos clientes por meio do programa Saúde na Tela, guarda-chuva que reúne quase 60 especialidades. A plataforma que abriga todo esse sistema foi desenvolvida pela equipe interna de inovação, que envolve dezenas de profissionais especializados.

“Resolvemos direcionar para essa iniciativa social a verba que seria destinada a uma campanha publicitária. Consideramos que esse tipo de ação seria muito mais importante agora”, descreve Simone Cesena, diretora de Comunicação e Marketing da empresa.

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Latinos sofrem menos

A pesquisa da Microsoft descobriu que os profissionais latino-americanos tendem a sentir com menor intensidade os efeitos negativos da pandemia sobre a atividade profissional

• Os latino-americanos apresentam menor tendência para o esgotamento: 31% estão se sentindo exaustos, ante a média global de 39%. Além disso, 42% se sentem sobrecarregados, diante da média global de 54%.

• Consideram-se mais livres para serem autênticos no exercício do trabalho remoto (não se preocupando em deixar transparecer aspectos da vida pessoal nas videoconferências, por exemplo): 54% consideram que podem agir tranquilamente dessa forma, ante a média global de 44%.

• Estão se sentindo mais isolados: 49% dizem que suas interações com colegas de trabalho diminuíram, diante da média global de 40%.

• Demonstram maior propensão para trocar de emprego: 53% estão considerando essa possibilidade em 2021, ante a média global de 46%.

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