O médico Hongyun Huang, da Academia Hongtianji de Neurociências de Pequim, é um dos que oferecem terapia com células-tronco na China. Desde 2001, ele diz ter tratado 1.500 pacientes. O tratamento consiste em injeções de um tipo de célula chamada glia embaiante olfatória (OEC, em inglês), retiradas do tecido nervoso olfatório (que não são células-tronco), misturadas a células-tronco neurais – ambas extraídas de fetos abortados.
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A cirurgia custa 150 mil yuan (cerca de US$ 22 mil) e é oferecida para várias doenças e lesões do sistema nervoso, como traumas medulares, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral, paralisia cerebral, demência. O pagamento precisa ser feito antes da cirurgia. Huang concedeu entrevista ao Estado por email.
O que o senhor oferece é um tratamento ou uma terapia experimental? Há um grupo de controle para comparar resultados dos pacientes tratados e não tratados?
É tratamento. Comparamos as condições dos pacientes antes e depois da cirurgia.
Quem inventou a técnica? Foram feitos testes antes em animais?
Muitos cientistas já fizeram estudos com células OEC em animais. Os bons resultados estão publicados em revistas como Science, Neuron e outros periódicos científicos de alto nível.
O protocolo de terapia é o mesmo para todos os pacientes?
Os mesmos tipos de células são injetadas ou transplantadas em diferentes pontos do corpo para pacientes com doenças diferentes.
Quantas células são tipicamente injetadas? E de que tipo?
Injetamos 100 microlitros (de uma solução) contendo 1 milhão de células OEC e 2 milhões de células-tronco/progenitoras neurais. As células são obtidas de fetos abortados.
Quais os resultados até agora?
A maioria dos pacientes melhorou suas condições clínicas. A terapia celular não pode curar essas doenças, mas pode melhorar suas funções neuronais, como sensação, movimento, controle de bexiga e intestino, equilíbrio, fala. Até agora não detectamos nenhum efeito adverso da terapia. Houve algumas complicações cirúrgicas, como pode ocorrer em qualquer cirurgia.
Como o senhor responde aos cientistas que criticam sua prática?
O que eu faço é para os pacientes. Se eles estão felizes, eu estou feliz. Não ligo para o que os outros dizem. A maioria dos cientistas e médicos que discorda do nosso tratamento nunca viu nem avaliou nossos pacientes.