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O terror de viver perdendo a respiração

Por Agencia Estado
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Imagine uma pessoa jovem caminhar cem metros e sentir falta de ar. Tentar arrumar a casa e ter de interromper o trabalho a toda hora para retomar o fôlego. Imagine essa pessoa precisar descansar e ainda ter de dormir sentada para evitar falta de ar durante a madrugada. São situações corriqueiras em qualquer idade na vida de quem sofre de asma. Por alguns anos, essa foi a realidade da estudante Danielle Fiuza de Aquino da Silva, de 26 anos, que vive em Curitiba, no Paraná. No Brasil, acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, em 2004, a doença atingia cerca de 10% da população. A doença vitima pessoas de qualquer idade. Não existem estatísticas oficiais no Brasil, porém, de acordo com segundo a Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA), cerca de 25% dos pacientes portadores de asma são crianças, e a taxa de prevalência nesta população tem crescido, em média, 5% a cada ano. É a doença crônica que mais atinge crianças em todo o mundo. A previsão é de que somente nos Estados Unidos mais de 5 milhões delas sejam portadoras da enfermidade, motivo de mais de 200 mil hospitalizações, três milhões de consultas médicas ambulatoriais e 23% das faltas escolares, a cada ano. A asma é desencadeada pela inflamação das pequenas vias respiratórias e se manifesta, principalmente, pela tosse, falta de ar, pelo chiado e o aperto no peito. A inflamação deixa as vias aéreas hipersensíveis, fazendo com que o asmático se torne vulnerável aos fatores que provocam a crise, como mudanças bruscas de temperatura, poeira doméstica, cigarro e poluição. A doença não tem cura, mas o tratamento rigoroso, associado a uma boa orientação médica, permite um controle eficiente da doença, concedendo ao paciente uma vida normal, sem sintomas. Dados do ISAAC (Internacional Study of Asthma and Allergies in Childhood - http://isaac.auckland.ac.nz) mostram que a prevalência da doença no mundo vem aumentando. Os números colocam o Brasil na 8.ª posição mundial em incidência da doença. . "A asma está ligada a fatores populacionais, genéticos e pessoais. As estatísticas no Brasil são escassas e recentes. Isso dificulta reconhecer a real dimensão da doença no País", informa o pneumologista Alcindo Cerci Neto, do Programa Saúde da Família da cidade de Londrina, no Paraná. Diagnóstico - Atualmente a doença é vista como caso de saúde pública e um dos pilares desse problema é a falta de diagnóstico precoce. "Sabe-se que, em mais de 50% dos casos, a primeira crise ocorre antes dos três anos de idade. E nem sempre essas crianças são levadas ao médico para um tratamento precoce. Além disso, existe preconceito em relação a dispositivos de inalação, como as conhecidas bombinhas", avisa Tsukiyo Obu Kamoi, alergista e imunologista do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, Paraná. Diagnóstico - Uma avaliação clínica é capaz de diagnosticar a doença. Testes funcionais simples, que medem a capacidade respiratória, também são realizados. Chamados de espirometria, esses testes podem ser feitos em consultórios. Radiografias são indicadas para verificar a presença de complicações como pneumonia, sinusite e bronquite crônica associada. "A asma é uma doença que pode se manifestar de forma e intensidade diferentes em cada pessoa", explica Tsukiyo. Os "chiadores" transitórios, por exemplo, têm sintomas associados às infecções virais. Isso pode desaparecer com o crescimento e até a idade escolar. Já os "chiadores" persistentes, podem apresentar remissão da asma na adolescência e recorrência na fase adulta. Esses são os verdadeiros alérgicos. No caso de Danielle, as crises começaram na infância. Antes da asma, ela já sofria de bronquite. "De uns cinco anos para cá, a freqüência das crises aumentou muito. Cheguei a ter crises semanais. Fui afastada do trabalho, não conseguia fazer nada", conta a estudante, que chegou a sofrer duas paradas cardiorrespiratórias. Tratamento - O tratamento da asma é feito com medicamentos que controlam a inflamação das vias aéreas. Há uma combinação entre broncodilatadores e antiinflamatórios. A junção de medicamentos varia conforme a gravidade do quadro. "O objetivo é evitar crises de asma, permitir uma atividade física normal e preservar a função pulmonar", esclarece Tsukiyo. Apesar do tratamento com uso de medicamentos ser bastante benéfico e estar disponível na rede pública, algumas medidas no ambiente em que a pessoa vive são essenciais. "As crises podem ser prevenidas com o uso de medicamentos adequados e higiene ambiental", lembra Neto. A parcela da população que sofre com a doença deve evitar exposição a substâncias que induzem a reação alérgica, como ácaros da poeira, pêlos de animais e mofo. Além disso, os especialistas dão outras recomendações: evitar poluição, como fumaça de automóveis, não fumar e ficar longe de fumantes, praticar exercícios físicos de forma moderada, ingerir bastante líquido, fazer exercícios respiratórios e não entrar em pânico em momentos de crise.

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