Obra atrasada prejudica paciente do Emílio Ribas

Reforma levou à desativação de quase metade dos leitos do hospital paulista e da área de ressonância magnética, inoperante há dois anos

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Por Fabiana Cambricoli
Atualização:
Manifestantes pedem 'socorro' pelo Emílio Ribas Foto: Divulgação/Simesp

SÃO PAULO - Uma reforma que já acumula atraso de dois anos tem prejudicado o atendimento no Instituto Emílio Ribas, unidade de referência no País no atendimento a pacientes com doenças infecciosas, principalmente HIV/Aids. O corte de recursos públicos nos últimos três anos faz a obra, prevista para terminar em 2016, se arrastar até hoje. A reforma levou à desativação de quase metade dos leitos do hospital e da área de ressonância magnética, inoperante há dois anos. 

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O quadro ficou mais grave há dois meses, quando o aparelho de tomografia quebrou, deixando o hospital sem exames de imagem de maior precisão. O cenário fez os médicos residentes da unidade paralisarem as atividades durante a terça-feira e exigirem da direção do hospital solução para os problemas.

A direção do centro médico fez reunião com os manifestantes, expondo solução para alguns dos problemas, e marcou nova reunião com os profissionais para o dia 20. Ao Estado, a direção afirmou que nenhum paciente ficou sem atendimento e planos de contingência foram criados para minimizar as consequências da reforma (mais informações abaixo).

Os residentes afirmam que, além dos problemas criados pela reforma, o hospital sofre com falta de ambulâncias, medicamentos e insumos. 

Atraso. De acordo com Natanael Adiwardana, coordenador-geral da Associação dos Médicos Residentes do instituto, problemas simultâneos nos aparelhos de ressonância e tomografia atrasam o diagnóstico e o início do tratamento de pacientes com infecções graves.

“Às vezes precisamos transferi-los para outras unidades estaduais só para fazer o exame para podermos fechar o diagnóstico. O problema é que nem sempre é fácil encontrar vagas em outras unidades. Nem todas as ambulâncias têm condições de transportar os pacientes mais críticos”, declarou.

O paciente B.M, de 30 anos, foi um dos que precisaram ser levados a outro centro de saúde para passar por ressonância. Diagnosticado com HIV em 2016, ele procurou o pronto-socorro do Emílio Ribas no início de agosto com muita dor de cabeça. “A suspeita era de neurotuberculose, mas não tinha como confirmar porque não tinha ressonância”, conta ele.

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Com o auxílio de outros exames, os médicos iniciaram o tratamento com base na hipótese diagnóstica e confirmaram o quadro 14 dias depois, quando B.M. foi levado ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo para fazer o exame que confirmaria a doença. “Eu acabei tendo de ficar internado alguns dias extras até conseguir confirmar que era isso mesmo que eu tinha”, conta ele.

Para Eder Gatti, infectologista do hospital e presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), a reforma também prejudicou o processo de internação, por causa da redução do número de leitos (de 199 para os 108 ativos), e a realização de exames laboratoriais.

Improvisado. “Tivemos nossa capacidade de hospitalização reduzida e o laboratório teve de ser improvisado em outro lugar. Algumas amostras do Emílio Ribas são levadas agora ao laboratório do Hospital das Clínicas”, diz ele, que critica ainda o corte de verba à saúde. O orçamento anual da unidade, segundo a direção do instituto, caiu de R$ 15,4 milhões há três anos para R$ 14,2 milhões hoje.

Ninguém está sem assistência, afirma diretor

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O diretor técnico do Instituto Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior, confirmou que alguns leitos e áreas tiveram de ser interditados por causa da reforma. Mas ele ressaltou, em entrevista ao Estado, que nenhum paciente ficou sem atendimento no período.

“Continuamos recebendo todos os pacientes que chegam ao pronto-socorro. Quanto aos exames, no período que estivemos sem ressonância e tomografia, tivemos acesso a vagas para fazer os exames em outros hospitais, como no Instituto do Câncer, Hospital Brigadeiro e Hospital do Mandaqui”, destacou ele, que disse que o aparelho de tomografia voltou a funcionar na segunda-feira.

Ele afirmou ainda que o hospital tem três ambulâncias em bom estado e que, quando necessário, pede apoio à central de regulação de vagas da Secretaria Estadual da Saúde para remoção de pacientes críticos. Pereira Junior disse também que o laboratório, embora adaptado em outro local, segue todos os padrões de qualidade exigidos. Ele destacou que o hospital não sofre com falta de insumos nem medicamentos.

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Sobre o atraso da obra, o diretor do Emílio Ribas afirmou que, com o corte de recursos gerado pela crise econômica que o País atravessa, o ritmo da obra teve de ser reduzido, mas foi acelerado no ano passado.

Ele diz que a primeira fase da reforma já foi entregue em 2017 e a segunda deverá ser concluída nas próximas semanas. A conclusão da terceira e da última parte ainda não têm data definida, segundo a direção.

Correções

SÃO PAULO - Uma reforma que já acumula atraso de dois anos tem prejudicado o atendimento no Instituto Emílio Ribas, unidade de referência no País no atendimento a pacientes com doenças infecciosas, principalmente HIV/Aids. O corte de recursos públicos nos últimos três anos faz a obra, prevista para terminar em 2016, se arrastar até hoje. A reforma levou à desativação de quase metade dos leitos do hospital e da área de ressonância magnética, inoperante há dois anos.  O quadro ficou mais grave há dois meses, quando o aparelho de tomografia quebrou, deixando o hospital sem exames de imagem de maior precisão. O cenário fez os médicos residentes da unidade paralisarem as atividades durante a terça-feira e exigirem da direção do hospital solução para os problemas. A direção do centro médico fez reunião com os manifestantes, expondo solução para alguns dos problemas, e marcou nova reunião com os profissionais para o dia 20. Ao Estado, a direção afirmou que nenhum paciente ficou sem atendimento e planos de contingência foram criados para minimizar as consequências da reforma (mais informações abaixo). Os residentes afirmam que, além dos problemas criados pela reforma, o hospital sofre com falta de ambulâncias, medicamentos e insumos.  Atraso. De acordo com Natanael Adiwardana, coordenador-geral da Associação dos Médicos Residentes do instituto, problemas simultâneos nos aparelhos de ressonância e tomografia atrasam o diagnóstico e o início do tratamento de pacientes com infecções graves. “Às vezes precisamos transferi-los para outras unidades estaduais só para fazer o exame para podermos fechar o diagnóstico. O problema é que nem sempre é fácil encontrar vagas em outras unidades. Nem todas as ambulâncias têm condições de transportar os pacientes mais críticos”, declarou. O paciente B.M, de 30 anos, foi um dos que precisaram ser levados a outro centro de saúde para passar por ressonância. Diagnosticado com HIV em 2016, ele procurou o pronto-socorro do Emílio Ribas no início de agosto com muita dor de cabeça. “A suspeita era de neurotuberculose, mas não tinha como confirmar porque não tinha ressonância”, conta ele. Com o auxílio de outros exames, os médicos iniciaram o tratamento com base na hipótese diagnóstica e confirmaram o quadro 14 dias depois, quando B.M. foi levado ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo para fazer o exame que confirmaria a doença. “Eu acabei tendo de ficar internado alguns dias extras até conseguir confirmar que era isso mesmo que eu tinha”, conta ele. Para Eder Gatti, infectologista do hospital e presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), a reforma também prejudicou o processo de internação, por causa da redução do número de leitos (de 199 para os 108 ativos), e a realização de exames laboratoriais. Improvisado. “Tivemos nossa capacidade de hospitalização reduzida e o laboratório teve de ser improvisado em outro lugar. Algumas amostras do Emílio Ribas são levadas agora ao laboratório do Hospital das Clínicas”, diz ele, que critica ainda o corte de verba à saúde. O orçamento anual da unidade, segundo a direção do instituto, caiu de R$ 15,4 milhões há três anos para R$ 14,2 milhões hoje.

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