Omissão no currículo derruba diretor da ANS

'Estado' revelou em 3 de agosto que Elano Figueiredo não informou trabalho formal para operadora de saúde

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Foto do author Andreza Matais
Por Andreza Matais e Fabio Fabrini
Atualização:

BRASÍLIA - O diretor da ANS (Agência Nacional de Saúde), Elano Figueiredo, pediu exoneração do cargo nesta quinta-feira, 3, após a Comissão de Ética Pública da Presidência da República recomendar sua destituição. O processo foi aberto com base em reportagem do Estado que revelou no dia 3 de agosto, um dia depois de ele tomar posse, que ele omitiu do currículo público ter trabalhado para a operadora de saúde Hapvida.

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O currículo foi encaminhado pela presidência da República ao Senado no processo de sabatina e é uma das referências dos senadores para avaliação do nome. A revelação do Estado provocou uma série de manifestações de órgãos de defesa do consumidor que pediram a saída de Elano. É a primeira vez que um diretor da ANS deixa o cargo sob questionamentos éticos.

O Estado também revelou que Elano assinou dezenas de ações em defesa da Hapvida, quando trabalhou para a empresa com carteira assinada, contra a ANS. Ele havia justificado que não incluiu o trabalho para a operadora porque apenas advogou para a empresa, mas o Estado revelou que ele foi diretor, com carteira assinada.

 

Em nota divulgada nesta quinta, Elano afirma que a decisão da comissão de ética foi "equivocada" e que não apontou conflito de interesse, mesmo assim pediu sua destituição. A comissão ainda não divulgou oficialmente sua determinação. O pedido de análise do caso pela comissão foi determinado pela presidente Dilma Rousseff logo após a revelação do fato pelo Estado. Leia a nota do diretor:

"ELANO RODRIGUES DE FIGUEIREDO, brasileiro, casado, vem muito respeitosamente expor e requerer o seguinte:

1. Fui nomeado, por Vossa Excelência, Diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, cargo no qual tomei posse em 02/08/2013.

2. Na data de hoje, a Comissão de Ética dessa Digna Presidência da República entendeu, equivocadamente, que deveria recomendar a minha destituição do cargo em alusão, ainda que reconhecendo não haver conflito de interesses na minha situação.

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3. Com isto, mesmo convicto de que não pratiquei nenhuma irregularidade, seja ética, moral ou legal, penso que o referido pronunciamento torna insustentável a continuidade do cumprimento do meu mandato.

4. Sirvo-me da presente, portanto, para agradecer a confiança depositada mas, diante do fato, renunciar ao mandato que me foi conferido por Vossa Excelência, pedindo que determine as providências legais cabíveis.

Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2013.

Elano Rodrigues de Figueiredo"

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