OMS aponta falta de financiamento para o combate ao zika

De US$ 25 mi solicitados pela organização para ajudar países a investigarem o problema, só foram entregues US$ 3 mi até agora

PUBLICIDADE

Por Giovana Girardi
Atualização:
Anthony Costello, chefe do departamento de saúde materna, de recém-nascidos, crianças e adolescentes, e MargaretChan, diretora-geral da OMS, em coletiva à imprensa Foto: AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, afirmou nesta teça-feira, 22, que o dinheiro solicitado pela organização para ajudar no combate ao zika nos países afetados pela epidemia ainda não está chegando como o esperado. Dos US$ 25 milhões solicitados para a OMS aos países membros, apenas US$ 3 milhões foram entregues até o momento. Outros US$ 4 milhões estão em negociação.

PUBLICIDADE

O dinheiro seria usado em esforços da OMS para, por exemplo, mandar especialistas aos países afetados e para organizar reuniões científicas. “O suporte financeiro ainda é um grande problema. Mas não podemos permitir que a falta de dinheiro seja uma barreira para fazer o que é certo”, disse em coletiva de imprensa realizada no início desta tarde (horário de Brasília) por Chan e outros especialistas da OMS.

Ela convocou a imprensa para atualizar sobre as útlimas descobertas científicas em relação às má-formações fetais e outros problemas neurológicos relacionados à zika. Disse que pelo menos 12 países têm observado um aumento de casos de síndrome de Guillain-Barré associadas ao zika e que, além do Brasil, o Panamá também reportou casos de microcefalia em bebês gestados por mães contaminadas no próprio país. 

“Com o conhecimento atual, ninguém consegue prever se o zika vai se espalhar para outros países e causar má-formação fetal e desordens neurológicas. Mas se esse padrão for confirmado além da América Latina e do Caribe, o mundo vai enfrentar uma crise severa de saúde”, disse. Atualmente o vírus circula de em 38 países e territórios do mundo.

Com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde do Brasil, a OMS informou que espera que o número de casos de microcefalia no Brasil pode passar de 2.500. O cálculo foi feito com base no número de casos já confirmados (863), em relação aos suspeitos testados (2.212), o que dá 39%. No total o governo brasileiro considera que há 6.480 casos suspeitos, a maioria ainda sem teste. 

“Se essa taxa continuar, esperamos que mais de 2.500 casos vão surgir de bebês com dano cerebral e sinais clínicos de microcefalia”, disse Anthony Costello, que chefia o departamento de saúde maternal, de recém-nascidos, crianças e adolescentes na OMS.

Os casos são considerados suspeitos quando o perímetro da cabeça é menor que 32%. Para confirmar a microcefalia, são necessários exames de imagem, por isso a diferença entre suspeita e confirmação. Mas a relação com zika no Brasil só foi apontada por testes laboratoriais em 97 dos casos confirmados.

Publicidade

Vacina. De acordo com Chan, estão em pesquisa atualmente 23 projetos de vacinas, mas ela disse que um produto pronto para uso ainda deve levar alguns anos.

“Como a vacina vai ser usada para proteger grávidas ou mulheres que querem ter filhos, terá de ter um alto padrão de segurança. Alguns projetos devem entrar em teste clínico antes do final do ano. Mas muitos anos ainda devem passar antes de ter um produto totalmente testado e pronto para uso”, afirmou. “Muitas cientistas acreditam que a primeira onda da doença pode ter terminado quando tivermos uma vacina disponível. Mas o desenvolvimento é imperativo.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.