OMS declara fim do ebola no 'epicentro' da epidemia

Depois de dois anos, Guiné finalmente comemora fim dos casos

PUBLICIDADE

Por Jamil Chade - Correspondente em Genebra
Atualização:

GENEBRA – Depois de dois anos e mais de US$ 1,1 bilhão em investimentos, o epicentro do Ebola consegue derrotar a doença. Nesta terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Guiné como "livre do vírus" que, em dezembro de 2014, foi detectado pela primeira vez na região. 

Nos meses que se seguiram, os casos se proliferaram e cruzaram a fronteira para a Libéria e Serra Leoa, causando mais de 11 mil mortos, 28 mil contaminados, destruindo economias inteiras e colocando toda uma sociedade de joelhos. 6 mil crianças perderam o pai, a mãe ou ambos por conta da doença. 

6 mil crianças no País perderam o pai, a mãe ou ambos por conta da doença Foto: AP

PUBLICIDADE

O último caso foi registrado em uma garota de três anos de idade e que, desde então, foi diagnosticada em duas ocasiões como curada. Agora, o país entra em uma fase de alerta total, e que vai durar mais três meses. A meta é a de não permitir que um novo caso surja. 

A Libéria, por exemplo, chegou a comemorar o fim da epidemia. Mas, em duas ocasiões desde então, novos casos foram registrados. "Vamos ter de continuar a monitorar a situação", disse o ministro da Saúde de Guiné, Remy Lamah. Na quarta-feira, músicos conhecidos do país promoverão um show para festejar o anúncio.

O governo espera que o fim da doença signifique que o comércio do país com o restante do mundo seja retomado. Países como a China passaram a impedir a entrada de pessoas de Guiné, afetando os negócios e derrubando um PIB já desgastado. 

Mas, desconfiados, cientistas e mesmo políticos locais alertam que não há tempo para festas. A OMS reconheceu há poucos meses seu fracasso em identificar e tratar da doença, antes que ela tenha se espalhado. 

Existem ainda dúvidas sobre a resistência do vírus, depois que cerca de dez casos foram registrados desde março. Num dos casos, uma criança poderia ter sido contaminada depois de tomar leite materno. Sua mãe havia sido uma sobrevivente do Ebola.   

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.