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OMS diz que 'dar dexametasona a pacientes graves da covid-19 salva vidas'

Diretor-geral da entidade estabelece cinco novas diretrizes de combate ao vírus, seis meses após primeiro caso da doença

Por Guilherme Bianchini
Atualização:

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta segunda-feira, 29, que o corticoide dexametasona 'salva vidas' de pacientes graves da covid-19. Um dia antes de se completarem seis meses desde o primeiro caso relatado do novo coronavírus, a entidade estabeleceu cinco novas diretrizes para os países enfrentarem a pandemia. Em uma delas, intitulada "salvar vidas", Tedros citou o medicamento.

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"Identificação precoce dos infectados e cuidados clínicos precoces salvam vidas. Dar oxigênio e dexametasona a pessoas com casos graves da covid-19 salva vidas. Dar atenção aos grupos de risco, inclusive aos idosos e pessoas de cuidados prolongados, também salva vidas", afirmou o diretor.

O líder da organização comentou sobre o ressurgimento de casos em países que reabriram a economia e ressaltou que muitas pessoas ainda estão suscetíveis à covid-19. De acordo com o diretor, a pandemia ainda se estenderá por um longo período.

O corticoide dexametasona. Foto: Yves Herman / Reuters

"Muitos países implementaram medidas nunca antes vistas para suprimir a transmissão e salvar vidas. Essas medidas tiveram sucesso, mas não interromperam completamente a doença. O vírus ainda tem muito espaço para se disseminar. Todos queremos o final disso. Todos queremos que a vida continue. Mas a dura realidade é: não estamos nem próximos do final. Embora vários países tenham progredido, globalmente a pandemia está acelerando", alertou.

Além do tópico sobre preservação de vidas, a OMS estipulou outras quatro orientações: empoderamento das comunidades, supressão da transmissão, aceleração das pesquisas e liderança política. "Independentemente do estágio em que o país se encontra, essas cinco prioridades, se executadas consistentemente e coerentemente, podem fazer toda a diferença. A questão crítica que todos enfrentarão nos próximos meses é como conviver com esse vírus. Este é o novo normal", disse Tedros.

Brasil enfrenta 'grande desafio'

O diretor do programa de emergências da entidade, Michael Ryan, classificou como desafiadora a situação da covid-19 no Brasil, onde se concentram cerca de 25% dos casos e das mortes pela doença na América — o País tem 57.754 vítimas e 1.352.708 infectados, segundo levantamento mais recente realizado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais de Saúde. O continente, de acordo com Ryan, responde por cerca de metade dos números do coronavírus em todo o mundo.

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"Na América, em geral, a situação é difícil. O Brasil representa uma grande proporção dos casos, e está enfrentando um grande desafio. São mais de 30 mil casos por dia. Uma abordagem ampla é necessária porque o nível de infecção é elevado, temos várias situações de risco. Temos áreas densamente povoadas em ambientes urbanos com condições precárias, além de pessoas morando em áreas rurais de difícil acesso. Não devemos subestimar a complexidade e o tamanho de um país grande como o Brasil".

Ryan também cobrou um maior entendimento entre as autoridades nacionais e estaduais do País nas ações de enfrentamento ao vírus. "Esperamos uma conexão muito mais sistemática", afirmou. O diretor fez duras críticas à "politização" da pandemia em diversos locais ao redor do mundo — tema recorrente durante a coletiva desta segunda-feira — e propôs aos líderes uma reflexão sobre as atitudes ao longo dos seis meses de covid-19.

"Precisamos engajar toda a sociedade e governos nessa abordagem. Quando falamos de evitar a politização do vírus, serve para os dois lados. Em várias situações, precisamos dar apoio a um governo que talvez não seja o que elegemos, mas esse é o desafio da unidade nacional contra o inimigo comum. Não podemos continuar a permitir que a luta contra esse vírus se torne uma luta ideológica. Não podemos confundir virologia com ideologia. Todos os políticos precisam se olhar no espelho e se perguntar: estou fazendo o suficiente para eliminar o vírus? Precisamos ter esse debate porque este é o momento. Não temos tempo a perder", concluiu.

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