O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta segunda-feira, 20, que reduzir as restrições de movimentação não significa o fim da pandemia, e sim uma adaptação a uma nova fase, e que a pior fase da epidemia ainda não chegou.
"O fim da epidemia exigirá um esforço contínuo de indivíduos, comunidades e governos para continuar suprimindo e controlando o vírus", disse Tedros. "Acreditem em nós: o pior ainda está por vir. Vamos prevenir essa tragédia, é um vírus que muita gente ainda não entende".
Segundo o etíope, medidas como quarentenas e lockdowns aliviam a pandemia, mas não acabam com ela. A entidade voltou a afirmar que para reduzir os casos, é preciso detectar, testar, isolar e cuidar de todas as pessoas que tenham tido contato com algum infectado.
A mensagem vem dias após países como Áustria, República Tcheca, Alemanha e Espanha começarem a adotar medidas para abrir lentamente suas economias. Nos últimos dias, a OMS já havia dito que uma reabertura deveria ser feita de maneira lenta e com cautela.
Tedros Adhanom também reiterou que a OMS não escondeu nada de nenhum país sobre a pandemia, em resposta às críticas dos Estados Unidos e à suspensão do financiamento da organização pelo governo americano. "Desde o primeiro dia, não se escondeu nada dos EUA", afirmou Tedros.
Na entrevista, o líder da OMS afirmou ainda que a entidade está fornecendo apoio científico, técnico e financeiro para pesquisas e desenvolvimento. Também informou que a OMS fez o pedido de 30 milhões de testes nos próximos quatro meses. "Até abril e maio, pretendemos enviar quase 180 milhões de máscaras cirúrgicas, 54 milhões de máscaras N95 e 3 milhões de óculos de proteção para os países que mais precisam. Também é uma das prioridades da OMS aumentar a produção e distribuição de diagnósticos para os países que mais precisam.
Organização Mundial do Comércio
No domingo, a OMS publicou um comunicado em conjunto com a Organização Mundial do Comércio dizendo que os esforços para salvar vidas podem ser prejudicados por interrupções desnecessárias no comércio global.
Segundo o documento, decisões de política comercial dos governos influenciam na obtenção de equipamentos e suprimentos médicos e podem impactar o fornecimento de insumos para a produção de medicamentos e tecnologias de saúde. "Manter o comércio de tecnologias em saúde o mais aberto e previsível possível é de interesse vital", diz o texto.
"Os governos precisam evitar medidas que possam atrapalhar as cadeias de suprimentos e impactar negativamente os mais pobres e vulneráveis, principalmente nos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, que normalmente dependem da importação de medicamentos e equipamentos médicos".