ONU superestimou o total de vítimas de Aids no mundo

Nova metodologia mostrou que 32,7, e não 39,5 milhões, viviam com a doença em 2006

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Por BBC Brasil
Atualização:

Um relatório divulgado nesta terça-feira pela Unaids, Programa das Nações Unidas para HIV/AIDS, mostra que a agência superestimou o número de casos de HIV em todo mundo em relação às estimativas divulgadas em 2006. Relatório da Unaids O relatório anual da ONU publicado no ano passado havia mostrado que em 2006, 39,5 milhões de pessoas estavam infectadas com o vírus da Aids. Mas a Unaids reviu sua metodologia para contagem de dados e, neste ano, estimou que 33,2 milhões de pessoas estão vivendo com o HIV. E, aplicando a nova metodologia, a Unaids também reviu os números de 2006, estimando que, no ano passado, 32,7 milhões de pessoas tinham o vírus da Aids. Segundo o relatório da Unaids, a razão para a redução nos números globais da doença no último ano foi a recente revisão das estimativas na Índia, depois de uma grande reavaliação da epidemia naquele país. As estimativas revisadas para a Índia, combinadas com importantes revisões dos números de infecções em cinco países da África subsaariana (Angola, Quênia, Moçambique, Nigéria e Zimbábue), são responsáveis por 70% da redução da prevalência do HIV, em comparação com as estimativas de 2006. "A informação para avaliar a epidemia de HIV usada pela Unaids/OMS (Organização Mundial da Saúde) teve uma expansão considerável e melhorou nos últimos anos", disse Ron Brookmeyer, professor de bioestatística da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg. "No entanto (...) há uma necessidade de melhorar os sistemas de vigilância para rastrear melhor as subepidemias em populações de risco de cada país. Estimativas mais precisas vão levar à melhoria dos projetos e avaliação dos programas de prevenção", acrescentou o professor que também foi o diretor do Painel Independente de Revisão na última Consulta Internacional em estimativas epidemiológicas estabelecida pela Unaids e pela OMS. O relatório da Unaids afirma que, em 2007, 2,5 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e outras 2,1 milhões morreram devido à Aids. Brasil Um terço dos portadores de HIV da América Latina vivem no Brasil, de acordo com o novo relatório. São 620 mil infectados, segundo números de 2005. O Brasil abriga cerca de um terço da populção geral da região. De acordo com a Unaids, o comportamento sexual dos homens é uma das fontes do aumento da infecção entre as mulheres brasileiras. O sexo homossexual entre homens também ainda é um fator importante na disseminação do vírus no País. Já a infecção entre usuários de drogas injeta´vesi parece ter caído, graças a políticas de redução de danos e à substituição das substâncias injetáveis por outras modalidades de consumo de droga. África Na região da África subsaariana, ocorreram 1,7 milhões de novas infecções, uma redução desde 2001, segundo o documento. Apesar da redução, a Unaids afirma que a região continua a mais afetada pela doença. Estima-se que 22,5 milhões de pessoas com o HIV, ou 68% do total do mundo, estão na África subsaariana. Oito países nesta região são os responsáveis por quase um terço de todas as novas contaminações por HIV e mortes por Aids no mundo. Na África subsaariana, o aumento no tratamento contínuo e a prevenção estão trazendo resultados em alguns países, mas a mortalidade causada pela Aids continua alta, pois as necessidades de tratamento na região não foram atendidas. O relatório afirma que a prevalência do HIV entre mulheres grávidas entre 15 e 24 anos que têm assistência médica caiu desde 2000 em 11 dos 15 países mais afetados. Informações preliminares também mostram mudanças favoráveis em comportamentos de risco entre jovens em países como Camarões, Chade, Haiti, Quênia, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, entre outros, indicando mais impacto das políticas de prevenção. Além da África subsaariana, a Unaids também observou queda nos números da doença no sul e sudeste da Ásia, principalmente Camboja, Mianmar e Tailândia. Autoridades da Unaids e da OMS afirmam que estas novas estimativas não mudam a necessidade de ação imediata e o aumento das verbas para dar acesso universal à prevenção do HIV, tratamento e serviços de apoio. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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