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Pacientes com Ebola fogem de clínica

Vinte pessoas estavam em isolamento na Libéria quando jovens com paus entraram e roubaram lençóis e colchões sujos de sangue

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Por Redação
Atualização:
Violência. Invasão de centro aconteceu na favela West Point, a maior da capital da Libéria Foto: Abbas Dulleh/Estadão

MONRÓVIA - Cerca de 20 pessoas fugiram de um centro de isolamento para pacientes com Ebola em Monróvia, capital da Libéria, na madrugada de ontem, depois que homens armados invadiram o local. Com toras de madeira, jovens entraram no prédio gritando frases contra a presidente Ellen Johnson Sirleaf e afirmando que não há Ebola no país.

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"Eles forçaram as portas e saquearam o centro. Todos os doentes e os enfermeiros fugiram", relatou Rebecca Wesseh, que testemunhou a invasão. A declaração de Rebecca foi confirmada por vários moradores da área e pelo secretário-geral dos Trabalhadores de Saúde da Libéria, George Williams. Segundo ele, o centro chegou a ter 29 pacientes, mas 9 morreram.

O grupo levou do centro - localizado na favela West Point, a maior da capital, onde vivem cerca de 50 mil pessoas - lençóis e colchões, muitos manchados com sangue e vômito.

Após a invasão, a polícia teve de intervir para restaurar a ordem na vizinhança. A desconfiança em relação ao governo é grande - com frequência circulam rumores de que policiais planejam esvaziar a favela.

Oficiais da Libéria temem que o uso do material do centro roubado faça com que o vírus se espalhe. O Ebola é transmitido por contato com sangue e fluidos corporais de pessoas infectadas e, por causar hemorragias graves, tem taxa de mortalidade em torno de 90%. O vírus já matou 1.145 pessoas na África Ocidental - 413 delas na Libéria -, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na tentativa de conter o número de mortos, a Libéria começou a ministrar a doentes doses de Zmapp, soro experimental fabricado nos Estados Unidos que chegou na semana passada ao país, informou ontem o Ministério da Saúde. Entre as pessoas que receberão a droga estão vários médicos liberianos que foram infectados pelo vírus.

Sob suspeita.

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Uma nigeriana de 35 anos que morreu em Abu Dabi, capital dos Emirados Árabes, pode ter sido vítima do Ebola, divulgaram ontem as autoridades de saúde. A mulher viajava da Nigéria para a Índia para fazer um tratamento contra câncer e suas condições pioraram durante uma escala no aeroporto de Abu Dabi. As pessoas que estavam ao redor dela no avião e os cinco médicos que a atenderam estão isolados.

Já na Espanha, os resultados dos exames de um nigeriano internado com suspeita de Ebola deram negativos para a doença, segundo o Departamento Sanitário da Região de Valência.

Foi a primeira suspeita de infecção por Ebola no país desde a morte do missionário espanhol Miguel Pajares, de 75 anos, no início do mês, em Madri. O estado do paciente, atendido inicialmente no Hospital Geral de Alicante, é estável.

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