16 de junho de 2015 | 05h00
CAMPINAS - Pais de pacientes que usam Cannabis para tratamento querem a permissão para o plantio de maconha. A defesa foi feita durante o fórum "Visões Interdisciplinares da Maconha: Evidências, Valores e Fantasias", realizado entre os dias 11 e 12, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Clárian, de 11 anos, nasceu com síndrome de Dravet, uma doença genética rara que causa crises epilépticas e atraso no desenvolvimento psicomotor. Diante da ineficácia dos tratamentos e medicamentos disponíveis, a mãe de Clárian, Maria Aparecida Carvalho, encontrou uma alternativa no canabidiol, uma das substância presentes na maconha. Com o uso, as crises de Clárian diminuíram de uma média de 16 para duas por mês.
Uso de maconha entre adolescentes americanos diminuiu após legalização da droga para fins medicinais
Mas Maria Aparecida critica a burocracia e o preço para que isso possa ser feito. Segundo ela, cada seringa com o óleo necessário para o tratamento custa US$ 500 - e Clárian necessita de três por mês. "Não temos tempo a perder, as crises não esperam. Se existe uma planta e é possível cultivá-la, não faz sentido não existirem políticas que permitam o cultivo para fins medicinais e pesquisas no Brasil", disse Maria Aparecida, membro da Associação de Pacientes de Cannabis Medicinal.
O canabidiol é um entre tantos outros componentes presentes na planta da maconha, os chamados canabinoides. Segundo especialistas, os potenciais terapêuticos destas substâncias são grandes. Elas podem funcionar como anticonvulsivos, analgésicos, anti-inflamatórios, estimulantes de apetite, antidepressivos, ajudar no tratamento do câncer e diminuir os efeitos colaterais de quimioterapia.
Veja no vídeo a história de Katiele Fischer, mãe de Anny, que venceu na Justiça o direito de importar a substância para o tratamento da filha e influenciou a decisão da Anvisa:
Veja também a história de Juliana Paolinelli, uma estudante de 35 anos que faz uso de tetraidrocanabinol, o THC, outro componente da maconha, mas que tem uso proibido pela Anvisa:
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.