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Países ricos não deveriam pedir doses de reforço contra a covid-19 neste momento, diz OMS

Prática não é recomendada enquanto outros países ainda não têm imunizantes anticovid para vacinar a população

Por Reuters
Atualização:

Os países ricos não deveriam pedir doses de reforço para suas populações vacinadas enquanto outros países ainda não receberam imunizantes contra a covid-19, disse a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta segunda-feira, 12.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, explica que o número de mortes está crescendo novamente, que a variante Delta está se tornando dominante e que muitos países ainda não receberam doses de vacina suficientes para proteger sequer seus profissionais de saúde.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma entrevista coletiva em Genebra Foto: Fabrice Coffrini/Pool via Reuters

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"A variante Delta está devastando o mundo em um ritmo escaldante, gerando um novo pico de casos de covid-19 e de mortes pela doença", disse Tedros. Ele destacou que a variante Delta, que é altamente contagiosa e foi detectada pela primeira vez na Índia, já foi detectada em mais de 104 países.

"A lacuna global no fornecimento da vacina contra a covid-19 é extremamente desigual e injusta. Alguns países e regiões estão realmente encomendando milhões de doses de reforço, antes mesmo que outros países tenham suprimentos para vacinar seus profissionais de saúde e a maioria vulnerável", disse Tedros.

O diretor-geral da OMS destacou os fabricantes de vacinas Pfizer e Moderna como empresas que pretendiam fornecer doses de reforço em países onde já havia altos níveis de vacinação. Tedros disse que, em vez disso, elas deveriam direcionar suas doses para o Covax, programa de compartilhamento de vacinas que visa a atender principalmente países de renda média e mais pobres.

Raiva e vergonha

A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, disse que, até então, o órgão de saúde global ainda não viu evidências mostrando que doses de reforço são necessárias para aqueles que receberam imunização completa — ou seja, duas doses ou dose única. 

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"Tem que se basear na ciência e nos dados, não em empresas individuais declarando que suas vacinas precisam ser administradas com uma dose de reforço", disse ela. Embora reforços possam ser importantes um dia, ainda não há evidências de que eles sejam necessários.

"Neste momento, estamos condenando centenas de milhões de pessoas a ficar sem proteção”, acrescentou o chefe do programa de emergências da OMS, Mike Ryan. Se os países usarem doses preciosas em doses de reforço, em um momento em que pessoas vulneráveis ainda estão morrendo sem vacinas em outros lugares, "vamos olhar para trás com raiva e com vergonha ", disse Ryan.

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