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Pandemia ainda não atingiu o pico na América Latina, alerta Opas

Entidade afirma que situação pode continuar por um longo período caso medidas de contenção do vírus não sejam adotadas

Por Guilherme Bianchini
Atualização:

A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, alertou que a pandemia de covid-19 pode se estender por um longo período na região, caso as medidas de contenção do vírus não sejam adotadas ou intensificadas. De acordo com a entidade, países que optarem pela reabertura precoce, como acontece no Brasil, precisam ser criativos, pois os riscos são altos.

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“Recomendamos que as medidas de contenção aconselhadas pelas organizações internacionais, como OMS e Opas, sigam sendo implementadas ou fortalecidas. Nossa região é o epicentro da pandemia. Caso contrário, a propagação do vírus pode continuar por um tempo considerável, muito maior do que na Europa”, afirmou Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da Opas, nesta terça-feira, 16.

Espinal ressaltou que a epidemia ainda não atingiu o pico de casos na América Latina. O diretor pregou cautela nas ações de flexibilização do isolamento social, incluindo a reabertura de fronteiras na região.

Coveiros do cemitério de Vila Formosa, o maior da América Latina, exumam sepulturas antigas para abrir novos espaços aos mortos pelo covid-19, em São Paulo. Foto: EFE / Sebastião Moreira

“Caso o país decida reabrir, o processo deve ser de maneira lenta e segura, garantindo que haja meios adequados para testar, analisar, detectar e rastrear contatos. São as principais medidas para interromper a cadeia de transmissão do vírus. Inovação é a palavra-chave. A epidemia ainda não chegou ao pico, isso que é importante saber na América Latina”.

A entidade esclareceu que a fase atual da doença na região não representa uma segunda onda da covid-19, pois a primeira sequer foi superada. Apesar de os países terem adotado medidas importantes entre março e abril, ainda há um aumento marcante de novos casos, disse Jarbas Barbosa, diretor-assistente da Opas. Ele ressalta que os desafios na América Latina são ainda maiores em relação a outras regiões do mundo, em razão da pobreza, da desigualdade social e da predominância de empregos informais.

"Claramente, esta é a primeira onda. Só poderemos falar de segunda onda depois de controlar completamente a primeira. É a situação na Nova Zelândia. Interromperam totalmente o contágio. Se em um ou dois meses houver uma nova onda, aí sim poderemos falar de segunda onda", explicou.

Diretora-geral da Opas, Carissa Etienne declarou que ainda não há desaceleração no contágio do coronavírus no continente. Segundo números citados pela diretora, os Estados Unidos concentram 54% de todos os casos nas Américas, seguidos pelo Brasil, que registra 23% dos casos e 21% das mortes. Etienne manifestou preocupação especial com a situação da covid-19 nas fronteiras.

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"A pandemia acentua a vulnerabilidade nessas zonas. O aumento da propagação é motivo de preocupação grave e ação imediata. Para conter o vírus e proteger os migrantes e populações vulneráveis, os países devem trabalhar juntos e oferecer soluções de saúde dentro de seus territórios e nas regiões fronteiriças", recomendou.

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