Pandemia reduz ritmo no litoral e acelera no ‘interior profundo’ de SP

Disseminação do novo coronavírus desacelera na capital paulista e em áreas próximas, como a Baixada Santista, mas avança em regiões mais distantes, segundo especialistas

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Seguindo a previsão dos pesquisadores, a pandemia do novo coronavírus reduz o ritmo de disseminação na capital paulista e em áreas próximas, como a Baixada Santista, mas acelera em regiões distantes, no interior de São Paulo. O Estado registrou nesta quarta-feira, 8, 341.365 casos e 16.788 óbitos pelo vírus. Dos 645 municípios, 629 já tiveram ao menos uma pessoa infectada e em 398 houve morte. Conforme o pesquisador Raul Guimarães, especialista em geografia da saúde, depois de se instalar nas áreas metropolitanas, a doença já se dissemina no “interior profundo” de São Paulo.

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Em São José do Rio Preto, a 440 km da capital, os números registrados nesta quarta-feira, 8, indicam que a doença está em curva ascendente, segundo a vigilância epidemiológica. Foram confirmadas dez novas mortes, elevando o total para 116, e houve 269 casos positivos a mais – total de 3.700 infectados. Conforme a gerente Andréia Negri, da semana passada para esta, houve aumento de 28% no número de casos e de 39% em mortes.

Ao todo, 228 pessoas estão internadas, sendo 95 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 133 em enfermagem. “As internações estão se mantendo acima de 200 pessoas, o que aumenta a ocupação de leitos. Estamos na ascendência da doença e só cabe à população decidir se vamos entrar na exponencial, ou no platô, para a doença vir a cair. Depende do comportamento das pessoas”, disse.

Em Bauru, a doença também acelerou, com 2.040 casos confirmados – 55 nesta quarta. Em uma semana, o número de óbitos subiu de 31 para 38. Araçatuba, outra cidade importante do noroeste paulista, teve quatro mortes registradas nesta quarta, chegando a 37. Em uma semana, os casos subiram de 767 para 1.153. Presidente Prudente, no extremo oeste, registrou 54 casos em um dia e avançou para 992 pessoas infectadas. O número de óbitos chegou a 23 – quatro desta semana.

Na região intermediária entre a capital e o oeste, as principais cidades estão no pico da doença. A prefeitura de Campinas confirmou 20 novas mortes nesta quarta, chegando a 404 óbitos durante a pandemia. Com mais 379 casos positivos, o total é de 10.853. A taxa de ocupação de leitos nas redes pública e privada se manteve em 88%. A prefeitura prevê uma sobrevida na rede hospitalar, já que cidades da região devem transferir pacientes para a capital.

Em Ribeirão Preto, mais 290 pessoas pegaram o vírus – agora são 6.288 casos – e o número de óbitos subiu de 186 para 196 nesta quarta. A ocupação de vagas para covid-19 em UTIs chegou a 92,9%. A prefeitura de Sorocaba confirmou mais 181 casos e quatro mortes, elevando os números para 7.047 infectados e 156 óbitos. Havia 149 pessoas internadas. Piracicaba registrou 135 casos novos e cinco mortes nesta quarta. São agora 3.921 pacientes positivos e 111 pessoas que morreram.

Redução

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Na Baixada Santista, o crescimento da doença foi menor nos últimos sete dias do que na semana anterior. O avanço dos casos caiu de 57% para 37% de uma semana para a outra – o total nos nove municípios é de 27.689. A mortalidade, no mesmo período, teve o crescimento desacelerado de 47% para 22%. Já são 1.070 óbitos. Depois da Grande São Paulo, a região foi a primeira a registrar grande volume de casos.

Para o infectologista Marcos Caseiro, que atua em comitês da covid-19 na região, os dados mostram uma estabilidade da pandemia na Baixada Santista. A queda no ritmo da doença, segundo ele, é maior em Santos e cidades próximas, como São Vicente, Praia Grande e Cubatão. Centros urbanos mais distantes, como Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe, ainda estão na fase de crescimento no número de casos. “A doença está se interiorizando e ainda deve crescer nos municípios mais distantes”, disse.

De acordo com pesquisador Guimarães, a modelagem espacial feita sob sua coordenação por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no início de abril já projetava o avanço do vírus do epicentro, na Capital, para as principais cidades do interior. O novo coronavírus se aproveitou da mobilidade da população para se espalhar. “O isolamento social, que poderia reduzir ou retardar a transmissão, não aconteceu da forma como deveria ser. Das cidades maiores, o vírus se espalha para as menores, inclusive os municípios tipicamente rurais, no interior mais profundo”, disse.

Juliana, de 37 anos, conta que os dias na UTI foram os mais difíceis Foto: Arquivo pessoal/instagram @mesarequinte

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